“Libertem Froome”. E a UCI libertou: o campeão britânico pode correr o Tour

A entidade que rege o ciclismo mundial decidiu, após parecer positivo da Agência Mundial Anti-Dopagem, que Chris Froome nada fez de errado

Acabaram as dúvidas: Chris Froome vai mesmo poder lutar pela quinta vitória no Tour que começa no próximo sábado. A participação do multi-campeão britânico estava em risco, devido ao controlo anti-doping positivo durante a 18.ª etapa da Volta a Espanha do ano passado, mas ontem a União Ciclista Internacional (UCI) anunciou a conclusão do inquérito, decidindo que o uso do broncodilatador salbutamol não foi feito de forma irregular.

“A UCI analisou detalhadamente todas as provas relevantes (consultando os seus próprios peritos e peritos da Agência Mundial Antidopagem [AMA]). A 28 de junho de 2018, a AMA informou a UCI de que aceitaria, baseada nos factos específicos deste caso, que os resultados da amostra de Froome não constituíssem um AAF [sigla em inglês para resultado analítico adverso]. A UCI decidiu assim concluir o inquérito contra Froome”, pode ler-se no comunicado emitido pelo organimo que rege o ciclismo mundial.

O Ventilan, nome comercial do salbutamol, é um dos medicamentos mais utilizados no tratamento da asma e é permitido pela AMA sem necessidade de requerer uma isenção de uso terapêutico quando inalado até 1600 microgramas num período de 24 horas e não mais do que 800 em 12 horas. Neste caso, a análise positiva a Froome acusou uma concentração de 2000 nanogramas por mililitro – 19 por cento acima do valor autorizado. Froome, porém, garantiu sempre que tal se devia ao uso de um broncodilatador recomendado pelos médicos para combater os problemas de asma, de que sofre desde criança mas que se agravaram na Vuelta em causa – e que o britânico venceu.

No documento onde certifica o arquivamento do caso, a UCI lembra que “a lista proibida da AMA prevê que um atleta possa estabelecer que o seu resultado anormal foi consequência de um uso permitido e nesse caso não será considerado um AAF”. “Sabemos que haverá uma discussão significativa sobre esta decisão, mas esta é suportada em opiniões de peritos, por conselhos da AMA e uma avaliação completa dos factos do caso. A UCI espera que o mundo do ciclismo possa agora focar-se e aproveitar as próximas corridas do calendário”, conclui o organismo.

O ciclista nascido no Quénia fica assim em condições plenas para competir na 105.ª edição da Volta a França e repetir os feitos de Jacques Anquetil, Eddy Merckx, Bernard Hinault e Miguel Indurain: vencer por cinco vezes a lendária competição. Conseguiu-o já em 2013, 2015, 2016 e de 2017, tendo ganho entretanto também a tal Volta a Espanha de 2017 e o Giro, de Itália, já este ano.

“Foram nove meses muito emotivos. Sempre disse que nunca quereria desonrar uma camisola vencedora e que os meus resultados iriam perdurar para a história. Nunca duvidei que este caso seria arquivado por uma simples razão: sei que não fiz nada de errado”, referiu Froome, considerando este um “momento importante para o ciclismo”.