Marcelo desvaloriza subida da dívida

Marcelo Rebelo de Sousa reagiu à subida da dívida pública portuguesa e garante que é preciso confiar que vai descer daqui a uns meses.

O Presidente da República entende que se deve relativizar os dados avançados pelo Banco de Portugal (BdP) e garante que, “quando for a altura do reembolso, daqui por uns meses, desce o montante da dívida. Perguntar-se-á: mas por que é que não se espera por essa altura para ir contrair dívida para reciclar e substituir a anterior? Porque se pensa que, neste momento, é preferível ir ao mercado a esperar por outros momentos”.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, “há uma época do ano” em que a entidade que emite a dívida entende “que se deve ir ao mercado”. Algo que acontece “ou porque as condições são muito boas – e de facto os números de hoje são simpáticos – ou porque teme que as condições piorem”, diz Marcelo Rebelo de Sousa.

Novo máximo histórico. Dívida pública sobe, sobe sem parar

Portugal voltou a atingir um máximo histórico mas, desta vez, não é bom sinal. A dívida pública portuguesa aumentou 300 milhões de euros em maio, atingindo assim os 250,3 mil milhões de euros.

“Em maio de 2018, a dívida pública situou-se em 250,3 mil milhões de euros, refletindo um aumento de 0,3 mil milhões de euros nos empréstimos relativamente ao final de abril”, evidencia o Boletim Estatístico do Banco de Portugal (BdP), divulgado esta semana.

Falamos de um valor que ainda é mais elevado do que quando soaram as campainhas de alarme, em agosto passado, altura em que o endividamento atingiu os 250,296 mil milhões de euros.

“Os ativos em depósitos das administrações públicas diminuíram 1,1 mil milhões de euros, tendo a dívida pública líquida de depósitos registado um acréscimo de 1,4 mil milhões de euros em relação ao mês anterior”, revela o regulador, deixando claro que assim, e quando subtraídos os ativos de depósitos das administrações públicas, a dívida líquida atingiu o valor que se transforma agora em novo máximo histórico.

Olhando para o mês anterior, pode dizer-se que a dívida pública também tinha subido pois, em abril, a dívida portuguesa cresceu 4,3 mil milhões de euros em relação a março, mês em que era de 245,3 mil milhões, ou seja, 126,4% do produto interno bruto (PIB).

As previsões do governo apontam para que, no final deste ano, o rácio diminua para 122,2%, mas as contas começam a complicar-se. O valor dos primeiros três meses deste ano mostra que vamos acima dos 125,7% de dezembro de 2017.

Ainda assim, é de notar que para junho se espera uma redução, uma vez que foram abatidos 6,6 mil milhões de euros de uma linha de obrigações que atingiu a maturidade.

Governo quer melhoria Inicialmente, a promessa de Mário Centeno apontava, em agosto, para um rácio da dívida pública igual a 127,7%, mas o executivo de António Costa acabou por prever um resultado ainda mais ambicioso. A justificar esta previsão estava o facto de a economia ter crescido acima do esperado e de as contas públicas apontarem para saldos primários positivos.

A questão da dívida pública continuou a ganhar especial importância tendo em conta que o aumento que se registou durante o mês de agosto superou, pela primeira vez, a fasquia dos 250 mil milhões de euros, atingindo assim um valor histórico – um aumento que ficou conhecido apenas alguns dias depois de Mário Centeno ter prometido que a dívida pública iria ter, ainda este ano, a maior redução dos últimos 19 anos.

“Vai reduzir-se, isso é uma certeza. A própria S&P já faz referência a isso”, começou por dizer. “No fim do ano prevemos ter a dívida pública em 127,7% do PIB. Em relação ao final do ano passado será a maior redução em 19 anos da dívida pública em percentagem do PIB”, sublinhou o ministro Mário Centeno.