O plano secreto de Inglaterra para o funeral da rainha

As mais altas entidades britânicas juntaram-se numa reunião para acertar os detalhes do Protocolo das exéquias fúnebres de Isabel II, que já tem 92 anos 

O encontro foi altamente secreto e, pela primeira vez, contou com a presença de membros do governo britânico. Na quinta-feira da semana passada, altas individualidades de Inglaterra estiveram reunidas na sede do governo, na avenida Whitehall, em Londres, para estudar o protocolo dos dias seguintes à morte da rainha Isabel II.

O encontro recebeu o nome de código “Castle dove” e juntou à mesma mesa o adjunto da primeira-ministra, David Lidington, o secretário de Estado para os Assuntos Internos, Sajid Javid, a líder da Câmara dos Comuns, Andrea Leadsom, e o secretário de Estado para a Escócia, David Mundell. “Foi a primeira vez que diferentes ministros se juntaram numa sala. Em reuniões anteriores, eram só funcionários”, contou uma fonte ao jornal “The Times”, acrescentando que se tratou de uma ação protocolar “sem precedentes”.

No mesmo dia da reunião, o Palácio de Buckingham anunciou que a rainha não iria às celebrações dos 200 anos da Ordem de São Miguel e São Jorge na Catedral de São Paulo por não se estar a sentir bem. No entanto, o “The Times” garante que não existe relação entre o encontro e a indisposição de Isabel II. A reunião terá sido planeada antecipadamente e tendo em conta o “avançar da idade” da rainha. O protocolo do funeral, que tem o nome de código “Operation London Bridge” (ver caixa), está aliás desenhado desde a década de 1960, sofrendo várias atualizações ao ano.

No dia em que a rainha morrer, revelou o jornal “The Guardian”, a primeira ministra Theresa May receberá um telefonema de Christopher Geidt, o secretário pessoal de Isabel II (previamente avisado pelo Príncipe Carlos), que lhe dirá: “London bridge is down” [código para “a rainha morreu”]. Caso Theresa May esteja a dormir, o protocolo determina que seja acordada. A notícia será depois comunicada, pela primeira-ministra, aos países da Commonwealth, antes de a Press Association (a agência noticiosa mais importante do Reino Unido) e a BBC serem avisadas. Entretanto, já terá também sido avisado um grupo “muito restrito” de líderes de outros países.

No dia a seguir à morte de Isabel II, o corpo será levado para Westminster Hall, no mesmo palácio onde funciona o parlamento britânico, onde permanecerá durante quatro dias. Entretanto, serão declarados dez dias de luto nacional e o Príncipe Carlos assumirá imediatamente o trono, ainda que só seja coroado três meses depois. Nessa altura, já na qualidade de rei, viajará pela Escócia e pelo País de Gales, como gesto de demonstração de que são parte do reino.

O funeral de Isabel II terá lugar nove dias após a sua morte, na Abadia de Westminster, e será transmitido para todo o mundo.