Tailândia. Resgatar os 13 jovens pode demorar meses

Nove dias depois, os 12 adolescentes e o seu treinador foram encontrados sãos e salvos, o problema é como tirá-los de lá. Pode demorar meses.

Primeiro veio a euforia, a festa, as lágrimas de alegria das famílias por os 12 adolescentes da equipa de futebol e o seu treinador terem sido encontrados sãos e salvos, resguardados da água, numa câmara da gruta de Luang Nang Non, no norte da Tailândia. A equipa de sete mergulhadores dos Navy SEALs, incluindo um médico e um enfermeiro, encontraram-nos no meio do sistema de cavernas parcialmente alagado pelas chuvas fortes das monções.

No meio do escuro, os jovens responderam às perguntas em inglês com sotaque britânico dos mergulhadores que os filmaram. Disseram estar bem e perguntaram que dia era, sinal de que, no escuro da gruta, dias e noites se foram confundindo nestes nove dias sem haver notícias. Os mergulhadores levaram comida e água, levaram meios de comunicação para que todos pudessem comunicar com as famílias, levaram palavras de alento. Só que uma coisa é encontrá-los, outra resgatá-los.

A câmara onde estão, um pouco mais acima da praia Pattaya (assim batizada por ser uma zona com areia) onde se calculava que pudessem estar, situa–se centenas de metros abaixo da superfície. Para lá chegarem, os mergulhadores tiveram de percorrer passagens estreitas com cinco metros de altura de água só iluminados pelas luzes que transportam – tarefa para um mergulhador treinado, não para 12 garotos e um jovem treinador de 25 anos sem qualquer experiência do género. As autoridades prometem investigar se a aventura na gruta não era uma espécie de ritual de iniciação levada a cabo pelo professor.

Nas primeiras horas chegou–se a falar na hipótese de os manter no sítio onde estão, alimentados, iluminados e bem tratados durante uns quatro meses, tempo para o nível da água descer e eles poderem fazer o caminho até à superfície pelo seu próprio pé. A outra hipótese aventada seria a de bombear a água do sistema de cavernas de modo a poder retirá-los – uma tarefa ingrata tendo em conta que as chuvas não param nem vão parar nos próximos tempos.

Aliás, a previsão meteorológica é aziaga para as tarefas de salvamento: três dias de precipitação forte – uma perspetiva que obriga a pensar em soluções com urgência, pois há o perigo de a água continuar a subir e cobrir a câmara onde se resguardou a equipa de futebol e o seu treinador.

As bombas para retirar água trabalham a contrarrelógio, mas os cálculos não são animadores. E com mais chuva a penetrar no solo parece quase certo que os jovens terão de aprender mergulho num curso acelerado – os que sabem nadar, porque a maioria não sabe. Os Wild Boars, assim se chama a equipa composta por jovens entre os 11 e os 16 anos, sabem com certeza mexer-se no campo, mas falta–lhes a mesma experiência dentro de água. A província de Chiang Rai, no extremo norte da Tailândia, junto à fronteira com o Laos e a Birmânia, está muito longe da costa, a quase 700 quilómetros de Banguecoque.

As dificuldades para resgatar os 13 jovens fazem lembrar a história dos mineiros chilenos e a odisseia que foi o seu salvamento, mesmo que a única coisa que ligue os dois casos seja mesmo o facto de serem ambas operações de resgate no subsolo.

“Não vejo como conseguirão fazer descer o nível da água o suficiente para que os rapazes possam sair sem terem de mergulhar”, disse ao “Independent” Jonathan Volanthen. A sua voz e a de Rick Stanton são as duas que se ouvem a falar com os rapazes no vídeo da descoberta dos desaparecidos, que correu mundo.

As autoridades tailandesas solicitaram doações de máscaras faciais completas, mais fáceis para os aprendizes de mergulho que as normais, com o snorkel e o bocal, para facilitar o processo de saída dos jovens.