Só nos faltava esta!

O Bloco quer minar esta sociedade por dentro, destruindo os seus valores e as suas referências. O que é de espantar é que muita gente não perceba isso e colabore com o BE nessa destruição.

O BLOCO DE ESQUERDA tem um grande mérito: virar tudo do avesso. Conseguiu a aprovação do casamento gay e a adoção de crianças por casais homossexuais, num processo que obedeceu a um plano definido com reserva mental: primeiro, foi a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, deixando de fora a adoção, para não assustar. Mas uma vez conseguido o primeiro objetivo, veio o segundo – como estava à vista desde o início. 

Outra ‘causa’ do Bloco de Esquerda foi a liberalização das drogas leves e, passados uns anos, a criação das salas de chuto. Que constituíram mais um episódio daquilo a que chamo a ‘capitulação do Estado’. Toda a gente reconhece que as drogas, em particular as drogas duras, são um flagelo, sendo impensável o Estado colaborar de alguma maneira no seu consumo. Mas sob o argumento de que, se não houver salas de chuto, os drogados ainda correm mais riscos, o Estado submete-se, capitula, adapta-se. E objetivamente aceita ser cúmplice de um crime.

ESTE ARGUMENTO foi, aliás, em tudo idêntico ao utilizado na legalização do aborto. Todos concordavam que o aborto era indesejável. Mas já que as mulheres abortavam, então era preferível que o fizessem em boas condições de higiene em hospitais públicos e gratuitamente.

É óbvio que, uma vez legalizado o aborto, não havia argumento para impedir a eutanásia. Se era possível interromper uma vida humana no início, por que não aceitar também a sua interrupção antes do fim? Se a vida se tornara um ‘bem relativo’, então todos os raciocínios ‘utilitaristas’ eram aceitáveis.

A eutanásia tornou-se assim mais uma ‘causa’ do BE. Para já não passou. Veremos até quando. 

O BLOCO DE ESQUERDA ACHA que estamos a progredir. Mas a verdade é que estamos a regredir civilizacionalmente. 

A prova é fácil de fazer: aquisições da civilização feitas durante séculos desmoronam-se à nossa vista. A vida deixou de ser inviolável e pode ser interrompida; o casamento mudou de significado, tal como o próprio conceito de família; o Estado colabora objetivamente em crimes, oferendo seringas e espaços para os drogados se drogarem.

O Bloco quer minar esta sociedade por dentro, destruindo os seus valores e as suas referências, o que não é de espantar – pois recusa este modelo. O que é de espantar é que muita gente não perceba isso e colabore com o BE nessa destruição.

DEPOIS DE QUEBRADOS sucessivos tabus, e vendo-se quase sem ‘causas’, Catarina Martins agarrou-se a uma polémica bizarra e lançou mais um tema ‘fraturante’. 

Agora, a tarefa é reescrever a História de Portugal. 

Até há bem pouco tempo, direita e esquerda eram divergentes em quase tudo mas havia um ponto em que coincidiam: o respeito pelos Descobrimentos portugueses. Celebrávamos os feitos dos nossos antepassados, vendo neles exemplos de heroísmo, de patriotismo, modelos a seguir. Mas agora o BE vem dizer-nos que não. Fomos uns criminosos, e a escravatura deve envergonhar-nos. 

Vasco da Gama, que descobriu (já tenho medo de usar esta palavra…) o caminho marítimo da Europa para a Índia, deve ser visto como um criminoso. Tal como Pedro Álvares Cabral e todos os navegadores, porque não descobriram nada: aquelas terras já estavam descobertas pelos que lá viviam. Nos só fomos explorar aquelas gentes, maltratá-las, escravizá-las.

Portanto devemos culpar-nos, autoflagelar-nos, pedirmos desculpa, quiçá recompensar os atuais habitantes pelas malfeitorias que fizemos aos seus ascendentes. Numa palavra, Catarina Martins acha que é tempo de ajustarmos contas com a História.

SÓ SOBRA UMA questão: esse ajuste de contas vai até quando? E envolve quem – só os portugueses ou outros povos? Inclui o tempo dos romanos e os saques praticados pelas suas legiões? Inclui as mortandades levadas a cabo pelos mongóis? Inclui as chamadas invasões bárbaras? Inclui os estragos feitos pelos muçulmanos? Inclui os desmandos praticados pelas tropas de Napoleão? Mais recentemente, inclui as barbaridades de Hitler? E as atrocidades de Estaline? E os massacres de Mao Tsé-Tung? 

Vamos recuar até onde a História nos ajude e começar a reparar todos os abusos, os crimes, as barbaridades, os roubos, os massacres, que todos os povos do planeta praticaram? Ou ficamo-nos pelo Império português?

Catarina Martins quer reescrever a História Universal – ou esta discussão sobre os Descobrimentos é só para chatear?