Madeira. TAP fala em constrangimentos para justificar perturbações

Miguel Albuquerque avança com processo contra TAP e acusa companhia de prejudicar a economia.

Houve vários constrangimentos que levaram a TAP a cancelar voos na Madeira, nomeadamente mau tempo. A garantia foi dada pela companhia áerea depois de o governo regional ter avançado com um processo contra a transportadora. As obras no aeroporto Sá Carneiro no Porto, os constrangimentos no aeroporto de Lisboa e no controlo de tráfego aéreo, a greve de tráfego aéreo em Marselha, assim falta de tripulação estiveram, segundo a TAP, na origem destas irregularidades”, acrescentando ainda que os “fatores meteorológicos têm sido piores este ano”.

“No ano passado, entre janeiro e maio, foram cancelados 22 voos por razões meteorológicas. Este ano, no mesmo período, foram cancelados 139 pelo mesmo motivo. Para a TAP, mais importante do que os custos desses constrangimentos é a segurança dos seus passageiros, que é inegociável”, diz a empresa.

Nos últimos dias, a transportadora garante que contou houve apenas um cancelamento em relação à região autónoma da Madeira devido a uma “avaria da aeronave”. Ainda assim, garantiu estar a trabalhar nos “desafios” elencados, acrescentando que os passageiros afetados têm sido transportados em voos alternativos e que há “empenho em encontrar as soluções adequadas”, bem como estão a ser respeitados os regulamentos e leis.

10 mil afetados

O presidente do governo da Madeira já tinha admitido, esta semana, que a região estava a ponderar recorrer a mecanismos judiciais para exigir indemnizações da companhia área pelos prejuízos que tem provocado a este arquipélago. Mas hoje foi revelado que Miguel Albuquerque tinha posto “em andamento um processo em que reclama à TAP indemnização por prejudicar a economia com atrasos e cancelamentos de voos”, disse o "Público".

Em causa estão os cerca de 70 cancelamentos de voos da empresa de aviação para a Madeira desde o início do ano, o que, de acordo com o chefe do executivo insular afetou aproximadamente 10 mil passageiros. “Temos assistido nos últimos meses ao que é uma vergonha, que é a forma como a TAP tem tratado os madeirenses e prejudicado a nossa economia”, declarou o líder madeirense.

Miguel Albuquerque lembra ainda que 80% dos turistas chegam ao arquipélago por via aérea e recorda que, nos últimos meses, muitos dos dias de férias foram passados nos aeroportos e com  voos de ligação perdidos, o que considera serem fatores que influenciam a escolha do destino de férias. Para o social-democrata, a estratégia da empresa tem discriminado o arquipélago. “É uma vergonha a forma como a TAP tem tratado os madeirenses e prejudicando a nossa economia nos últimos meses”, acrescentando que sai mais barato cancelar voos para o arquipélago do que para outros destinos europeus. 

No entender de Miguel Albuquerque “também é uma vergonha, e é preciso dizê-lo e de uma forma muito clara, a forma como o Estado português, que é sócio maioritário da TAP, se tem comportado”.