Ricardo Camacho. Músico, produtor, editor, médico e investigador

Tinha 64 anos

Ricardo Camacho veio da Madeira para Lisboa estudar medicina, onde acabou por ter uma carreira bem sucedida. Mas foi como músico dos Sétima Legião que ganhou reconhecimento mediático e a admiração da geração que deu corpo à Música Moderna Portuguesa.

Homem dos sete talentos, foi teclista da banda que cantou  os Sete Mares, uma das mais importantes da música portuguesa da década de 80. Trabalhou com António Variações, GNR, Né Ladeiras e Manuela Moura Guedes, entre alguns outros grupos e vozes da pop. E fundou a editora Fundação Atlântica com Miguel Esteves Cardoso e Pedro Ayres Magalhães. Era médico e investigador da SIDA. Vivia em Leuven, na Bélgica, onde morreu aos 64 anos vítima de cancro no pulmão. 

Rodrigo Leão lembra «a amizade» para além da música. De resto, após o período regular da vida dos Sétima Legião, a banda reencontrava-se uma vez por ano no Frágil. Após uma reunião oficial, motivada pelo 30.º aniversário, em 2012, o Liceu Passos Manuel, em Lisboa, foi o palco de um regresso pontual e esporádico no ano passado, relata o compositor – baixista na banda. Já doente, Ricardo Camacho ainda participou. E no mês passado, «o núcleo duro da banda», formado por Rodrigo Leão, o vocalista Pedro Oliveira e o tocador de gaita-de-foles Paulo Marinho foi visitá-lo à Bélgica. «Sabíamos que era um momento complicado», reconhece Rodrigo Leão para quem com a morte do Ricardo Camacho «morre um bocadinho da Sétima». 

Em 1982, a produção e participação no single inaugural Glória abriu a porta da Sétima Legião ao músico que, inspirado pelos movimentos de vanguarda, então dava os primeiros mas importantes passos na linha da frente da produção nacional. 

Participaria em todos os álbuns, apesar de, a partir da década de 90, «as carreiras profissionais» se terem sobreposto à carreira dos Sétima Legião. Produziu bandas como os Diva, participou em Sex Symbol dos Pop Dell’Arte e remisturou os Da Weasel.