Demissões no Hospital São José espelham “o que está acontecer no país”

Bastonário da Ordem dos Médicos diz não compreender a “negação permanente” do ministro da Saúde sobre as condições dos hospitais

O pedido de demissão dos chefes de equipa de medicina interna e cirurgia geral do Hospital de São José, em Lisboa, pode repetir-se noutros hospitais, alerta o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães. Em causa estão a falta de condições das urgências do hospital que colocam em causa a segurança.

Miguel Guimarães disse à Lusa que “a situação [no hospital de S. José] espelha o que está a acontecer no país todo. As pessoas estão a trabalhar no limite (…). Isto vai acontecer noutros hospitais. Tenho notícia de que noutros grandes hospitais do país as coisas vão acontecer provavelmente até de forma mais grave”.

“Nós temos de dizer a verdade às pessoas. Não podemos andar a enganar as pessoas”, acrescentou Guimarães dizendo não compreender a “negação permanente da realidade que o ministro da Saúde insiste em ter”.

Uma das principais preocupações do bastonário são os relatos dos médicos em formação (internos) que fazem o serviço de urgência sozinhos sem qualquer apoio de médico especialistas. “Vou ter de saber que internos, de que especialidades, porque isto viola completamente as regras dos internatos médicos”, disse ainda.

Por isso, o bastonário anunciou que na próxima semana irá visitar o Hospital de São José onde pretende reunir-se com os chefes de equipa que se demitiram, assim como com a administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central.