APifarma contra transferência do Infarmed

O presidente da Apifarma, João Almeida Lopes, falou esta semana publicamente sobre a transferência do Infarmed, em entrevista ao i. E não poupou nas críticas.

Esta semana o Infarmed voltou a ser tema de capa: pela primeira vez, o presidente da Apifarma falou sobre a transferência de 70% do Infarmed para o Porto. Em entrevista ao jornal i, João Almeida Lopes – que lidera uma entidade que representa cerca de 120 empresas do setor farmacêutico em Portugal – mostrou-se preocupado com a intenção do Governo e não hesita ao dizer que a deslocalização é um erro.

Para o responsável, o relatório criado pelo grupo de trabalho reunido pelo Ministério da Saúde para avaliar a transferência, entretanto conhecido, é tendencioso. «Quando olhamos para o relatório, claramente parece-nos um relatório tendencioso que foi feito para tentar justificar o injustificável», defendeu João Almeida Lopes ao i.

Para o presidente da Apifarma, o «injustificável» é-o porque, no caso da associação que lidera, 106 dos seus 109 sócios todos da indústria farmacêutica estão na área de Lisboa, enquanto das 15 unidades industrias associadas, 10 estão igualmente na região de Lisboa. Mudar o Infarmed de cidade, defende Almeida Lopes, provocaria um aumento dos custos de contexto do setor, sem esquecer os efeitos que teria para o investimento da indústria estrangeira no país. 

Mas muito antes desta entrevista já o ministro Adalberto Campos Fernandes tinha tido conhecimento da posição da Apifarma. O SOL apurou que no ministério deu entrada uma carta, dias depois da intenção ter sido dada a conhecer ao país, com esta mesma posição.

«Não podemos deixar de expor a preocupação que esta tomada de posição nos suscita», começa por se ler no documento. Nos parágrafos seguintes, o presidente da Apifarma já listava os pontos que lhe causam especial preocupação. Segundo escreveu, não só é preciso assegurar que os colaboradores – que detêm a técnica e o conhecimento – sejam transferidos para que a deslocalização do organismo ocorra de forma plena, como «é essencial» que «os interesses da salvaguarda da saúde pública e dos doentes sejam colocados em primeiro lugar».

O enfoque é depois colocado nas «implicações funcionais» que a transferência significaria, a par do aumento de custos para os associados.

A concluir, a associação diz esperar que a decisão tenha por base «estudos de impacto e uma fundamentação técnica e económica que aconselharam ao sentido da mesma», pedindo que os mesmos sejam disponibilizados à Apifarma.