Contas portuguesas no vermelho. Turismo ajuda, mas não chega

Banco de Portugal aponta para défice externo de 1 311 milhões de euros, acima dos 952 milhões verificados até maio de 2017

Os números do turismo têm ajudado nas contas nacionais. No entanto, nem mesmo o bom comportamento do setor conseguiu evitar um desempenho pior do que o do ano passado. De acordo com os dados, divulgados esta quinta-feira, pelo Banco de Portugal (BdP), o saldo conjunto das balanças corrente e de capital degradou-se até maio. Em comparação com o mesmo período de 2017, a diferença é de 359 milhões de euros.

Em maio do ano passado, o défice externo era de 952 milhões. Este ano é de 1 311 milhões. Ainda assim, é preciso ressalvar que é tem acontecido o país ver as contas complicarem-se nesta altura do ano, já que é o período de pagamento de dividendos das empresas. Olhando para os últimos dois anos pode dizer-se que a tendência é melhorar a partir de julho. No entanto, o este momento mais negativo nas contas está a ser muito mais acentuado do que nos anos anteriores.

Economia portuguesa abranda

A economia portuguesa continua a abrandar. De acordo com os dados da OCDE, em maio, esta trajetória descendente no ritmo de crescimento foi mais forte.

A análise da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) mostra que o índice compósito se situou em 99,30 pontos no mês em questão. No fundo, falamos do nível mais baixo desde setembro de 2013, uma altura em que Portugal passava por um período de recessão.

Mais: o resultado do mês de maio vem traduzir-se no nono mês consecutivo de quedas. Desde que Portugal começou a perder terreno, destaca-se a descida em termos homólogos: 1,44%.

Já no contexto geral pode dizer-se que os países da OCDE estão a ter um crescimento estável. Nota apenas para um abrandamento na Zona Euro, onde se inclui França, Itália e Alemanha.

Novo máximo histórico. Dívida pública sobe, sobe sem parar

Portugal voltou a atingir um máximo histórico mas, desta vez, não é bom sinal. A dívida pública portuguesa aumentou 300 milhões de euros em maio, atingindo assim os 250,3 mil milhões de euros.

“Em maio de 2018, a dívida pública situou-se em 250,3 mil milhões de euros, refletindo um aumento de 0,3 mil milhões de euros nos empréstimos relativamente ao final de abril”, evidencia o Boletim Estatístico do Banco de Portugal (BdP), divulgado na semana passada.

Falamos de um valor que ainda é mais elevado do que quando soaram as campainhas de alarme, em agosto passado, altura em que o endividamento atingiu os 250,296 mil milhões de euros.

“Os ativos em depósitos das administrações públicas diminuíram 1,1 mil milhões de euros, tendo a dívida pública líquida de depósitos registado um acréscimo de 1,4 mil milhões de euros em relação ao mês anterior”, revela o regulador, deixando claro que assim, e quando subtraídos os ativos de depósitos das administrações públicas, a dívida líquida atingiu o valor que se transforma agora em novo máximo histórico.

Olhando para o mês anterior, pode dizer-se que a dívida pública também tinha subido pois, em abril, a dívida portuguesa cresceu 4,3 mil milhões de euros em relação a março, mês em que era de 245,3 mil milhões, ou seja, 126,4% do produto interno bruto (PIB).

As previsões do governo apontam para que, no final deste ano, o rácio diminua para 122,2%, mas as contas começam a complicar-se. O valor dos primeiros três meses deste ano mostra que vamos acima dos 125,7% de dezembro de 2017.

Ainda assim, é de notar que para junho se espera uma redução, uma vez que foram abatidos 6,6 mil milhões de euros de uma linha de obrigações que atingiu a maturidade.