Cláudia Azevedo. Sonae nas mãos da filha mais parecida com Belmiro

Dizem que tem sempre o olho virado para o futuro, que é tenaz e que não hesita na hora de tomar decisões ou arriscar com ideias inovadoras. A filha mais nova de Belmiro de Azevedo foi a escolhida para substituir o irmão Paulo Azevedo e Ângelo Paupério. Liderança começa em 2019.

Até aqui, Cláudia Azevedo, 48 anos, era conhecida pelo seu percurso profissional, mas também por ser a filha mais nova de Belmiro de Azevedo, o empresário que faleceu em novembro do ano passado e que construiu o grupo Sonae. Agora, soma ainda o facto de passar a ser a líder da Sonae. O anúncio de que a filha de Belmiro de Azevedo será a nova CEO – e já em 2019 – foi feito pela empresa esta semana à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Cláudia Azevedo vai assim substituir o irmão Paulo Azevedo e Ângelo Paupério na liderança executiva do grupo no próximo mandato. 

Em declarações à imprensa económica, Cláudia Azevedo agradece «o voto de confiança manifestado pelo Conselho de Administração da Sonae e pelo Conselho de Administração da Efanor na proposta da minha eleição para CEO da Sonae para o mandato a iniciar em 2019». A futura presidente executiva do grupo Sonae acrescenta que a nova «responsabilidade» e o novo desafio são aceites «com a convicção de quem olha para o futuro e tem a confiança de ter nos valores Sonae a determinação e otimismo necessários para enfrentar os desafios que seguramente surgirão». Cláudia Azevedo diz ainda agradecer «a oportunidade» já «liberta de funções executivas [da Sonae Capital], para preparar adequadamente o próximo mandato».

Sobre Cláudia Azevedo, o comunicado destaca, sobretudo, o «percurso profissional notável no Grupo Sonae que se tem caracterizado pela gestão de portefólios diversificados e pela internacionalização dos negócios de várias participadas, tornando a sua experiência e aptidões particularmente adequados para esta função».

Licenciada em Gestão na Universidade Católica do Porto, tem um master of business administration no Instituto Europeu de Administração de Empresas (Insead), a escola de negócios francesa. Passou por vários cargos na Sonae. Liderou nos últimos anos a Sonae Capital, a holding da Sonae que agrega os negócios nos setores do turismo, fitness e energia, e também a Sonae Investment Management, que tem investido em empresas da área tecnológica. No livro O Homem Sonae, Belmiro de Azevedo disse que, dos filhos, «a Cláudia é talvez a mais parecida comigo, a que tem mais killer instinct».

 

Os passos de Cláudia Azevedo

O nome completo é Maria Cláudia Teixeira de Azevedo e falamos de alguém que se destacou nas áreas do Marketing e Comunicação no grupo que foi erguido pelo pai. Tendo em conta de que quando falamos deste grupo estamos a falar de um verdadeiro império é preciso perceber que são vários os aspetos positivos do percurso profissional da futura CEO. Entre os diversos cargos que ocupa, destaca-se a administração da Sonaecom, sendo administradora da operadora NOS e do jornal Público. Passou a ser presidente executiva da Sonae Capital em 2013, lugar que será agora entregue a Miguel Gil Mata, anterior membro da comissão executiva da empresa.

Mas vamos por pontos. Cláudia entrou para o grupo assim que terminou a licenciatura, em 1992. Foi então escolhida para fazer parte da área financeira. Ficou numa equipa responsável por um projeto com cartões de crédito. E foi quando este projeto terminou, cinco anos depois, que a filha de Belmiro seguiu para a Optimus, onde permaneceu com o marketing como companheiro do dia a dia. Ainda neste desafio, acabou por se mudar para França. Em 2012, ficava ainda à frente dos destinos da Zopt, nascida da Sonaecom e de Isabel dos Santos. Passado um ano, era presidente da Sonae Capital, cargo que abandonou esta semana.

Quem a conhece bem descreve Cláudia Azevedo como tendo um perfil duro, obstinado, semelhante ao do pai, sendo discreta nas aparições públicas.

 

Ventos de mudança

Paulo Azevedo e Ângelo Paupério vão manter-se no conselho de administração da Sonae com cargos não executivos. 

Em comunicado, a Efanor, acionista maioritária da Sonae, refere que esta substituição acontece «na sequência da vontade manifestada pelos engenheiros Paulo Azevedo e Ângelo Paupério de, após o termo do corrente mandato, passarem o testemunho das funções executivas até agora exercidas no Conselho de Administração da Sonae». A escolha recebeu da Efanor «total concordância, uma vez que se adequa de modo particular ao perfil mais recentemente assumido pelo grupo».

O documento destaca ainda vários agradecimentos a esta dupla que fica agora a dar também «apoio ao processo de transição de poderes executivos pelo tempo que vier a revelar-se útil». Pode ler-se, no comunicado, um agradecimento especial aos dois engenheiros pelos «cerca de 30 anos de exercício de cargos executivos no Grupo Sonae, 20 dos quais como membros da Comissão Executiva da Sonae, incluindo os 12 em que ocuparam a respetiva liderança»: «Os seus contributos individuais foram determinantes para o crescimento da importância social e económica do Grupo e permitiram-lhe passar incólume pelas crises económicas e éticas dos últimos anos». Sobre esta mudança, fonte da empresa explica que se trata de uma reorganização «que era previsível».