Presidente da EMEL quer ser líder da dieta maçónica

Há dois candidatos à presidência do parlamento maçónico: Luís Natal Marques, presidente da EMEL, e Francisco Cabecinha, que foi nº 2 do grão-mestre Fernando Lima na empresa Galilei

Presidente da EMEL quer ser líder da dieta maçónica

Vai haver novas eleições para o parlamento do Grande Oriente Lusitano – a chamada Grande Dieta – em setembro, no início de um novo ano maçónico que tem a particularidade de ser um ano de revisão constitucional.

Já há dois candidatos ao cargo. Luís Natal Marques, presidente da EMEL – Empresa  Municipal de Estacionamento de Lisboa – apresentou a sua candidatura em carta aos irmãos maçons, datada de 12 de julho. «Avizinham-se eleições para a Grande Dieta e estas deverão ser, não só o exemplo dos princípios que protagonizamos, como também a maneira de encontrarmos soluções expeditas para os desafios que nos serão colocados. E eles serão muitos, em especial pelo facto da nossa Sublime Câmara poder vir a assumir poderes de revisão constitucional», escreve Luís Natal Marques na sua carta de candidatura.

Francisco Cabecinha é omisso na questão da revisão constitucional, mas Luís Natal Marques coloca-a como prioridade. «Sabemos que a revisão constitucional se prefigura importante  e, por isso, existe a necessidade de que a Grande Dieta funcione de modo eficaz, para o que se torna necessário que todos os Veneráveis Mestres e representantes das lojas dirijam as suas energias e esforços no sentido de objetivos comuns, sem que haja desperdícios de tempo em discussões estéreis», escreve. 

O primeiro a apresentar a candidatura foi Francisco Cabecinha, que já ocupou o cargo de presidente da Grande Dieta e que trabalhou com o atual grão-mestre Fernando Lima na empresa Galilei (antiga Sociedade Lusa de Negócios, que detinha a 100% o BPN). Cabecinha foi número 2 de Fernando Lima quando o atual grão-mestre do Grande Oriente Lusitano foi presidente da Galilei entre fevereiro de 2009 e junho de 2015, altura em que renunciou ao cargo. 

Na sua carta de candidatura, remetida do «Oriente de Cascais, aos 24 de junho de 2018», Fernando Cabecinha escreve: «Candidato-me respondendo ao apelo de um vasto conjunto de irmãos que, no momento atual, consideraram que as minhas modestas capacidades e experiência quer maçónica de muitos anos quer de presidência da nossa sublime câmara, poderiam permitir emprestar ao desenrolar dos trabalhos: o rigor, a dinâmica e a transparência  exigidos, num espírito de agregação e de fraternidade dos representantes do povo maçónico reunidos em lojas».

Fernando Cabecinha fala em «tempos desafiantes» para os maçons do Grande Oriente Lusitano. 

«Todos temos consciência que vivemos tempos desafiantes que nos acarretam maiores responsabilidades e nos obrigam a um cada vez maior empenhamento. Também hoje somos muito mais irmãos e muito mais lojas, pelo que precisamos de encontrar novas metodologias para continuarmos a dignificar o nosso trabalho, imprimindo-lhe outras dinâmicas em prol da construção do nosso Tempo coletivo», escreve.

Na última eleição para grão-mestre realizada em 2017 – que obrigou a uma segunda volta que não acontecia há muitos anos – Fernando Cabecinha apoiou a candidatura de Fernando Lima, enquanto Luís Natal Marques foi apoiante do economista Daniel Madeira de Castro, que não passou à segunda volta disputada entre Fernando Lima e José Adelino Maltez.

Grão-mestre recebido no Palácio de Belém

Depois de enorme polémica – e até algum lavar de roupa suja maçónico – o atual grão-mestre Fernando Lima foi reeleito para um terceiro mandato a 4 de julho de 2017 com mais de 52%, numa segunda volta disputada com o politólogo José Adelino Maltez. A seguir a tomar posse, em setembro de 2017, Fernando Lima decidiu pedir audiências ao Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, e ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. 

Ferro Rodrigues recebeu o grão-mestre do Grande Oriente Lusitano logo em novembro. Mas a agenda do Presidente da República não encontrou lugar para uma audiência até esta semana. A reunião com a delegação do GOL, que decorreu na terça-feira, durou cerca de hora e meia e, em nota publicada no site, a Presidência escreveu que «ao Chefe de Estado foram, segundo os próprios, ‘transmitidas as preocupações quanto ao estado da democracia tendo em conta as ameaças da xenofobia e do populismo’».

Em declarações à agência Lusa no final da reunião, o grão-mestre Fernando Lima disse que, para lá da apresentação de cumprimentos, o encontro com o Presidente serviu para o GOL falar «dos princípios que lhe são caros, como o Estado social ou a democracia». «Sublinhei os princípios do GOL e da interligação da história do GOL e da história de Portugal», disse Fernando Lima à Lusa.