Herdade da Comporta. Venda volta a sofrer impasse até setembro

Interessados têm até ao dia 20 de setembro para apresentarem as suas ofertas que terão de ser vinculativas e com cartas de conforto dos bancos. 

A venda da Herdade da Comporta voltou a sofrer um impasse. A proposta vencedora deveria ter sido conhecida na sexta-feira, mas os participantes do fundo imobiliário acabaram por aprovar o adiamento desta decisão. Um processo que tem estado envolto em polémica sobre os valores reais das três propostas recebidas pela entidade gestora do fundo, a Gesfimo. 

Segundo a Rio Forte e o Novo Banco – os dois maiores participantes no fundo, já que juntos representam 74% das unidades de participação – este adiamento deve-se à falta de “elementos de informação inequívocos para valorar e hierarquizar as propostas recebidas” e do facto de nenhuma das ofertas contemplar “a globalidade dos ativos” à venda nem atingir os valores apontados pelos avaliadores independentes, soube o i.

As duas entidades “consideram também que só com a imposição de regras claras, transparentes e profissionais se poderá concluir com sucesso este processo”.

O objetivo agora é dar aos três concorrentes um novo prazo até 20 de setembro para a formulação das suas ofertas que terão de ser todas vinculativas e cobertas por cartas de conforto dos bancos. Os acionistas do fundo vão voltar a reunir a 28 de setembro em nova assembleia-geral para decidir então quem fica com os dois ativos imobiliários que estão à venda.

Na corrida à Comporta está um consórcio que junta os empresários britânicos Mark Holyoake e Anton Bilton e o grupo português Portugália que ofereceram quase 160 milhões de euros e chegou a ser a proposta escolhida pela sociedade gestora para comprar a Herdade da Comporta, tal como i avançou. Também interessados na compra destes ativos está a empresária Paula Amorim em parceria com o milionário francês Claude Berda que apresentou uma oferta de 156,4 milhões e ainda um agrupamento liderado pelo empresário francês Louis-Albert de Broglie.

Raio-X

A Herdade da Comporta – composta por mais de 12 500 hectares entre Alcácer do Sal e Grândola – era o retiro da família Espírito Santo, que a tinha comprado em 1987, e foi colocada à venda quando o Grupo Espírito Santo (GES) faliu.
A venda deste ativo é uma das formas de obtenção de receitas pelos curadores de insolvência, de forma a conseguirem arrecadar algum valor para os seus credores. É o caso, por exemplo, da Pharol e do BES “mau”.

A verdade é que o processo de venda da herdade tem sofrido vários avanços e recuos. A sua alienação recomeçou em setembro. Depois de uma tentativa falhada, os tribunais acabaram por autorizar o processo de venda, contornando assim a razão que anteriormente travou a operação: o arresto dos bens da família.

O empresário Pedro Almeida fez uma oferta, no verão passado, que não foi concluída porque o Ministério Público não levantou o arresto da Herdade da Comporta – à época, a avaliação era de 420 milhões de euros –, rejeitando a venda da propriedade por considerar que o processo não reunia condições de “isenção, transparência e objetividade”. Na altura, o empresário pretendia transformar a Comporta num “resort exclusivo e altamente atrativo para o mercado internacional”. O objetivo do empresário passava por comprar também a Herdade da Comporta — Atividades Agrossilvícolas e Turísticas, a empresa que gere os arrozais da zona.

O certo é que a alienação é necessária para evitar a insolvência do fundo da herdade localizada em Grândola e Alcácer do Sal. O risco de insolvência é “real” e foi já admitido pela entidade e pelos responsáveis da insolvência da Rioforte.