Mundial sub-19. Levantar hoje de novo o esplendor de Portugal!

Depois da goleada à Ucrânia, na meia-final (5-0), a selecção nacional manteve a sua força demolidora do ataque e venceram a Itália na final por 4-3 (após prolongamento).

Já vem de muito longe este Campeonato da Europa de sub-19 que Portugal acabou de conquistar na final frente à Itália, edição deste ano realizada na Finlândia. Na realidade, teve início em 1948, vejam bem, nos anos do pós II Grande Guerra, primeiro sob a égide da FIFA e, a partir de 1956, entregue à organização da UEFA, como não poderia deixar de ser pelas suas características.

Durante a sua existência, a estrutura da prova foi várias vezes alterada até chegarmos àquilo que é hoje. A actual fórmula, iniciada em 2002, parece ter vindo para ficar e isso só pode contribuir para a credibilidade da competição: oito equipas divididas em dois grupos de quatro, meias-finais cruzadas entre vencedores e segundos classificados de cada grupo, estes quatro qualificados para o próximo Campeonato do Mundo de sub-20 (para o ano na Polónia), bem como o vencedor do play-off entre os dois terceiros (neste caso a Noruega bateu a Inglaterra).

Por falar em Inglaterra, sublinhe-se que os britânicos são os grandes dominadores do Europeu de sub-19. No ano passado foi a vencedora e, curiosamente, à custa de Portugal: 2-1 na Geórgia. Foi, na altura, o décimo título dos ingleses, número bem significativo que só é igualado pela Espanha. Em seguida, a França, com oito campeonatos conquistados, e Alemanha e URSS/Rússia, ambas com seis. A partir de ontem, Portugal tornou-se a única selecção com quatro triunfos (1961, 1994, 1999 e 2018), acrescentando-lhes o exageros de oito finais perdidas (1971, 1988, 1990, 1992, 1997, 2003, 2014, 2017).

A Itália, adversária da final de ontem, batida pelo excitante resultado de 4-3, após prolongamento, também chegou a estar à beirinha do seu quarto título continental, mas não aguentou a qualidade dos jovens lusitanos que acabaram por completar um percurso impressionante: 3-1 à Noruega; 2-3 frente à Itália (num jogo muito atípico, marcado pela expulsão do central Diogo Queirós logo o início da partida); e 3-0 à Finlândia, na fase de grupos. 5-0 à Ucrânia na meia-final, com os cinco golos marcados nos primeiros 25 minutos. E, finalmente, a fantástica exibição de ontem, em Seinäjoki, que garantiu um título inédito nesta versão que, como já mencionámos, foi estabelecida a partir de 2002.

O técnico Hélio Sousa, que ficou para a história do futebol poetuguês desde aquele dia fundamental em que, na Arábia Saudita, a selecção nacional de sub-20 conquistou o primeiro título mundial do futebol português, vê agora caírem-lhe sobre as costas responsabilidades acrescidas para o próximo Campeonato do Mundo: afinal, vai lá chegar ornaado com a faixa de melhor equipa da Europa e isso não deixa de ter a sua inevitável importância, ainda que uma importância extremamente agradável. 

Curiosidades.

Dizia-se que a França entrava neste Campeonato da Europa como favorita absoluta. Talvez houvesse motivos para tal. Por seu lado, Portugal libertou-se de ter de enfrentar os franceses na meia-final precisamente por causa da derrota frente à Itália naquele jogo tão, tão estranho. O segundo lugar no grupo pôs os lusitanos face à Ucrânia (que bateu a França no jogo de abertura do seu grupo – 2-1) e a cavalgada da selecção nacional foi extraordinária. Cada tiro, cada melro, como gosta de dizer o povoléu. Golos e golos e mais golos acumularam-se na baliza ucraniana desde o primeiro minuto. O 5-0 estabeleceu-se bem cedo, antes de o relógio marcar os 25 minutos. Depois, o descanso. Aproveitaram os jovens que usam as cinco quinas ao peito para se recrearem com a bola e para se pouparem para a final que seria, presivelmente, frente à França.

Não foi assim. A Itália, tal como a Ucrânia, não se deixou intimidar pela fama dos franceses e tratou de os arredar da hipótese do título. Para quem surgia na Finlândia como protagonista principal, regressar a casa com duas derrotas não pode ser agradável, de forma nenhuma. Provavelmente, os rapazinhos do Hexágono traziam consigo na alma o entusiasmo da vitória no Campeonato do Mundo da Rússia.

Mas o futebol não é a barraca dos espelhos da velha Feira Popular. A realidade caiu sobre a França como uma avalanche dos Alpes.  Portugal soube tirar partido até das contrariedades. Foi vítima de várias situações negativas, mas não quebrou nem torceu. Durante os 120 minutos da final também se viu a contas com momentos negativos, até quando depois de ter obtido uma vantagem de 2~0, sofreu o empate e parecia ir cair na armadilha italiana, tal como sucedera na fase de grupos. Mas não! O jogo transformou-se num vai-vém impressionante, os golos caíam do céu aos trambolhões, tudo podia acontecer. Mas, sobretudo, a qualidade técnica de Portugal fez a diferença. E os italianos foram obrigados a submeterem-se à superioridade de um adversário que venceu o Campeonato da Europa com toda a justiça.