Uma inversão na ‘nova ordem’?

Pela primeira vez na história da Aliança Atlântica e na parceria entre os Estados Unidos e a União Europeia – expressa de forma rude, mas não desprovida de razão, pelo líder norte-americano face aos seus aliados do velho continente -, verifica-se uma grave cisão nos objetivos comuns face à ameaça de Leste. Ameaça que persiste,…

Pela primeira vez na história da Aliança Atlântica e na parceria entre os Estados Unidos e a União Europeia – expressa de forma rude, mas não desprovida de razão, pelo líder norte-americano face aos seus aliados do velho continente -, verifica-se uma grave cisão nos objetivos comuns face à ameaça de Leste. Ameaça que persiste, mas agora através de estratégias indiretas e de alianças com anteriores e tradicionais inimigos!

Durante o período da Guerra Fria já tinha existido uma idêntica crise, mas mais restrita – porque apenas envolveu a França. Uma crise motivada pelo excessivo nacionalismo de De Gaulle, que não perdoou aos EUA o facto de não ter sido convidado para a Conferência de Yalta, que estabeleceu a divisão de poder na Europa para o pós-guerra. 

 

Esta última tournée do Presidente americano à Europa fez estalar o verniz das desinteligências que já se vinham avolumando, com as declarações e contradeclarações de Trump atacando via Twitter os três maiores líderes ocidentais. E a isto se seguiram desmentidos, declarações e atitudes algo impróprias – como foi o caso chocante da cerimónia militar e protocolar oferecida pela Rainha Isabel II, quando Trump quase a ‘atropelou’ e fingiu não ter dado por isso! 

Recorde-se que Isabel II é monarca de uma potência que, desde a Primeira Guerra Mundial, sempre foi o mais fiel e tradicional aliado dos americanos, nomeadamente durante o apocalipse da Segunda Guerra e face às consequências dela resultantes! 

 E tudo culminou com o ‘encontro’ de Trump em Helsínquia com Vladimir Putin! Além de se mostrar subserviente, o presidente dos EUA reforçou as desconfianças sobre a existência de uma parceria encoberta com Putin, ao elogiar este e culpar os seus próprios serviços de informações de inépcia e de divulgação de falsas notícias quanto às últimas eleições!

 

Isto na sequência de outro facto insólito. Em cerca de um mês, o ‘divino’ e implacável ditador da Coreia do Norte passou de inimigo a destruir para parceiro confiável da Administração americana; o Kremlin apadrinha e patrocina o regime místico, radical e totalitário do Irão, que sempre ameaçou destruir Israel (e agora os próprios EUA) e protege o tenebroso ditador sírio; e a Turquia, um inimigo ancestral de Moscovo, foi capturada para o seu lado, embora ainda se mantenha na NATO! 

 A todas estas intrincadas jogadas de xadrez, das quais o grande e único vencedor é o ‘novo czar’ russo, a maioria dos media ocidentais diz rigorosamente nada, manipulando notícias e informações e minimizando esta ‘nova desordem’ que desponta – e face à qual o bloco europeu, pelas falsas perceções de segurança e de defesa dos seus dirigentes, parece resvalar para a decadência e o declínio, consequência desta trágica inversão de critérios políticos e de valores. 

 

As estatísticas comprovam que os atuais dirigentes e partidos europeus, embora o admitam veladamente, se encontram manietados por quatro agentes perniciosos que se instalaram nos seus países: o indisfarçável esquerdismo dos media europeus, que os pressionam e condicionam; a alta pressão dos sindicatos, atuando em 80% sob as ordens dos respetivos partidos comunistas; o acicatar dos seus próprios egoísmos e jogos de poder; e, finalmente, a confessada escravidão aos votos eleitorais! Estes agentes levam por vezes os dirigentes europeus a obliterar o interesse nacional a bem da democracia!

 

É inquietante constatar que a Europa dita democrática se encontra sob assédio político, ideológico e totalitário – mas parece não se aperceber disso nem do Clash of Civilizations de Samuel Huntington! 

É incompreensível que aqueles dirigentes ocidentais e os media verdadeiramente isentos não procurem investigar as verdadeiras origens da problemática das migrações em massa, que não cessa de aumentar e é dirigida apenas para a Europa democrática. E que também são fomentadas e controladas por conhecidos Estados radicais e se encontram intimamente conectadas com o terrorismo e a criminalidade transnacional, provocando grandes fraturas e cisões entre os Estados europeus e destes com os EUA. Até quando?