Morreu ‘Zombie Boy’, o homem que tinha 90% da pele tautada

Tinha a obsessão pelo mórbido e pelo macabro tatuada na pele e tornou-se célebre por entrar num clip de Lady Gaga. Rick Genest suicidou-se seis dias antes de fazer 33 anos.

Morreu ‘Zombie Boy’, o homem que tinha 90% da pele tautada

Modelo e ator, Rick Genest era mais conhecido por Zombie Boy devido às tatuagens que lhe cobriam 90% da pele – nem as orelhas escapavam. A avaliar pelos desenhos escolhidos tinha uma obsessão pela morte – o seu rosto simulava uma caveira e a cabeça rapada exibia o desenho realista de um cérebro.

Genest foi encontrado sem vida no seu apartamento em Montreal, Canadá, na madrugada de sexta-feira. Aparentemente cometeu suicídio. No dia anterior tinha colocado na sua conta oficial do instagram um poema enigmático intitulado ‘The Well’ (O Poço), em que falava do destino, da morte, da loucura e do brilho do luar.

Uma das primeiras reações veio de Lady Gaga, de quem era amigo – o Zombie Boy tornou-se célebre precisamente graças à participação no videoclip ‘Born This Way’, de 2011. «O suicídio do meu amigo Rick Genest, Zombie Boy é mais do que devastador», escreveu a cantora no Twitter. «Temos de nos esforçar por mudar a cultura, trazer a Saúde Mental para a linha da frente e apagar o estigma de que não se pode falar sobre isso. Se estiveres a sofrer, liga hoje mesmo para um amigo ou para a família. Temos de nos salvar uns aos outros». Lady Gaga não foi a única a lamentar a morte do modelo. Um fotógrafo que trabalhou com ele disse que Genest – que ia fazer 33 anos no próximo dia 7 de agosto – era «calmo» e «educado». 

Não seria, porém, sempre essa a sua postura. Sobre a sua alcunha, o próprio disse numa entrevista ao Daily Mirror em 2016: «Quando andas a fazer disparates nas ruas e a meter-te em sarinhos, é melhor teres uma alcunha para te cobrir».

Rick Genest não nasceu como Zombie Boy. A sucessão de tatuagens foi desencadeada por uma experiência traumática. Aos 15 anos foi-lhe detetado um tumor no cérebro, e os médicos disseram-lhe que a doença poderia matá-lo ou desfigurá-lo. «Acho que isso provocou um turbilhão que me levou a ficar obcecado com o mórbido e o macabro», revelou na mesma entrevista ao Mirror. A operação correu na perfeição, «mas desde aí percebi que a vida era demasiado curta para não realizar os meus sonhos de tatuagens e de modificações do corpo».

Superadas as dificuldades, saiu de casa e começou a movimentar-se nos meios marginais de Montreal. Fez a primeira tatuagem aos 16 anos – uma caveira e um par de ossos. Desde então não parou e o seu estilo tornou-se objeto de culto para muitos fãs, que lhe dedicaram uma página no Facebook. Foi assim que Nicola Formichetti, o estilista de Lady Gaga e diretor criativo da Thierry Mugler, o descobriu. Daí aos desfiles e à celebridade mundial foi um passo.

Genest era o detentor de dois recordes do Guinness: a pessoa com mais tatuagens de insetos (176) e de ossos. O que pretendia com tudo isso deixou explicitado à revista Bizarre: «As minhas tatuagens são acerca do corpo humano como um cadáver em decomposição – a arte de um corpo a apodrecer. Também é uma homenagem aos filmes de terror, que adoro».