Calor extremo. 500 mortos entre domingo e terça-feira

A Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou que é necessário apurar as cuasas, alertando que se trata de uma “análise muito bruta”

Foram várias as entidades que adotaram medidas de prevenção, na sequência do calor extremo que se registou nos últimos dias em Portugal. Mas apesar dos esforços, a vaga de calor fez com que o número de mortes disparasse. Desde domingo e até terça-feira, “houve uma variação diária, no conjunto, de mais de 500 óbitos registados”, afirmou hoje a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas.

Os dados são relativos ao período que coincide com a vaga de calor que esteve presente em todo o território nacional – de 5 a 7 de agosto – e foram revelados no âmbito do balanço da resposta operacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).

No entanto, Graça Freitas alerta para o cuidado que se deve ter em interpretar os números porque trata-se de “uma análise muito bruta”. Agora é necessário comparar as “mortes esperadas numa determinada quinzena e aquelas que de facto se observam”, para se obter informações mais concretas.

A Diretora-Geral da Saúde acrescenta ainda que “muitas vezes há picos” porque às pessoas que morreram por causa das temperaturas elevadas, juntam-se aquelas que já estavam mal. E em Portugal contabiliza-se “o impacto na mortalidade geral por todas as causas”, explica. 

Como é de se esperar em situações de aumentos súbitos, nas semanas seguintes “a taxa de mortalidade desce”.
Em relação aos outros países, a responsável relembra ainda que devemos ser cautelosos na comparação, porque “utilizam metodologias diferentes”.

 

SERVIÇO DE SAÚDE

Os dados revelam também que as respostas na área da saúde são mais positivas do que as do século XX. Atualmente, os mecanismos e a capacidade de mobilizar recursos, de trabalhar em rede, ativar serviços e cuidados complementares “é muitíssimo maior”.

Nos últimos dias, no que diz respeito à procura de cuidados de saúde pelos portugueses, Graça Freitas salientou que a partir de sábado verificou-se um impacto consideravelmente maior. “O centro de contacto SNS 24 tem tido um aumento moderado, que, neste momento, é de cerca de mais de mil chamadas por dia”, e o INEM teve “um aumento moderado, que depois passou a mais intenso, [atingindo] mais 5.000 contactos do que é habitual”, afirmou.

De acordo com Graça Freitas, os serviços de urgência registaram, nos dias 5, 6 e 7 de agosto, mais sete mil casos do que o costume. Ainda assim, acrescenta, que “não houve um aumento dos internamentos” o que significa que muitos dos utentes “terão sido tratados e hidratados sem necessidade de internamento”.

 

ALTAS TEMPERATURAS

Nos últimos anos foram três os fenómenos de temperaturas extremas que fizeram disparar os termómetros: em 2003, 2013 e 2018, disse a Diretora-Geral da Saúde. Graça Freitas explica que devido às variações nas datas em que ocorreram os episódios, não é possível comparar todos com o período homólogo do calendário, visto que as temperaturas não respeitam o calendário.

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o último sábado foi o dia mais quente dos últimos 18 anos a nível nacional. A temperatura média registada foi de 32,4.ºC.

Nesse dia, os valores da temperatura máxima igual ou superior a 45 graus foram verificadas em 17 estações de medição.  As altas temperaturas fizeram também com que o número de urgências aumentasse: o INEM registou uma subida de 20% nas chamadas.