CDS coloca pressão na Defesa

Audição de Azeredo Lopes inviabilizada em Agosto na comissão. Solução é tentar antecipar reunião da comissão permanente

O CDS queria ouvir em agosto o ministro da Defesa na comissão parlamentar respetiva por causa do caso do assalto ao paiol de Tancos, mas teve ontem a certeza que não será possível, pelo menos nos moldes em que o solicitou. Com o Parlamento sem atividade política, só o acordo e consenso de todos os partidos poderia possibilitar a audição de Azeredo Lopes em pleno mês de férias políticas. A alternativa será a de tentar convocar uma conferência de líderes  para antecipar a reunião de comissão permanente – órgão máximo parlamentar em época de férias – para chamar o ministro.

Em causa estão as últimas declarações do chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, na comissão parlamentar de Defesa a 1 de agosto, onde disse aos deputados que não lhes poderia disponibilizar a lista de material recuperado do roubo, por estar sob segredo de justiça. O chefe do Estado-Maior do Exército foi chamado de urgência, depois de ter sido noticiado pelo Expresso de que haveria material bélico por recuperar, ao contrário do que foi transmitido pelo próprio general em outubro de 2017.

Rovisco Duarte afiançou que não deu garantias sobre a recuperação total do material furtado. Os centristas, que ponderam uma comissão de inquérito ao caso, optaram por pedir de imediato a demissão do general da liderança do Exército.

O tema é caro ao CDS, e o  líder parlamentar  Nuno Magalhães, lamentou que «face a um caso tão importante relacionado com a Segurança e Defesa, não possa existir uma exceção [regimental]» para ouvir o ministro na comissão de Defesa. Questionado pelo SOL se pretende forçar, por outras vias, a audição do ministro, Nuno Magalhães não exclui essa hipótese. Para o efeito, teria de se garantir um consenso na conferência de líderes para marcar uma comissão permanente em agosto.

O caso de Tancos tem sido gerido com pinças pelo Governo, mas o PCP colocou ontem o dedo na ferida: «O CEME [Chefe de Estado-Maior do Exército] termina o seu mandato em abril. Por conseguinte, creio que acabará no tempo próprio. Se alguma coisa mais haveria de ter sido feita, teria sido há um ano atrás, por iniciativa do próprio ou do Governo», afirmou o dirigente Rui Fernandes, citado pela Lusa. «Cabe aos responsáveis políticos e militares assumir e defender perante a opinião pública, com determinação e frontalidade, a necessidade da existência das Forças Armadas no sentido de que o cumprimento exclusivo das suas missões constitucionais seja a razão única do seu protagonismo», avisou o PCP ontem em conferência de imprensa.