Lula é a grande incógnita nas presidenciais

São 13 os candidatos presidenciais às eleições de outubro. O PT ainda incluiu o ex-presidente na lista, mas é pouco provável que o tribunal eleitoral aceite na corrida um Lula preso.

Lula é a grande incógnita nas presidenciais

O antigo Presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva saberá no próximo dia 15 de agosto se será candidato às presidenciais deste ano. O Supremo Tribunal Eleitoral deliberará sobre o recurso que o ex-chefe de Estado entregou para ser elegível para o Palácio do Planalto. No entanto, e enquanto aguarda a decisão na prisão federal em Curitiba, a corrida presidencial não pára. E as sondagens dão a liderança a Jair Bolsonaro, candidato da extrema-direita, sempre que Lula não figura como candidato. 

O primeiro embate entre os candidatos não tardou. Na quinta-feira à noite, todos os concorrentes, à excepção de Fernando Haddad, do PT, participaram no primeiro debate eleitoral na TV Bandeirantes, em São Paulo. Haddad, ex-governador de São Paulo e candidato do PT caso Lula não possa concorrer, recusou-se a participar no debate por a organização ter rejeitado o pedido de Lula para participar via teleconferência a partir de Curitiba. Em resposta, o PT organizou, à mesma hora do debate televisivo, um outro nas redes sociais, com Haddad, Gleisi Hoffman, presidente do PT, e Manuela D’Ávila, do PCdoB e vice-presidente caso Lula possa concorrer à presidência do Brasil. Nas sondagens, Haddad tem um resultado muito aquém do esperado: 3% dos votos.

Sem surpresas, os candidatos que participaram no debate televisivo debruçaram-se sobre a corrupção, a violência e as dificuldades económicas com que o Brasil se tem confrontado nos últimos anos. Sem Lula ou Haddad, os holofores focaram-se em Jair Bolsonaro, capitão do Exército na reserva. Ao contrário do que se previa, Bolsonaro suavizou o seu discurso, ainda que tenha mantido a defesa da legalização do porte de armas, a «castração química» para violadores e a construção de mais escolas militares. Sobre a violência nas ruas brasileiras, Bolsonaro atribuiu as responsabilidades à «equivocada política de direitos humanos» dos sucessivos governos federais brasileiros.

O capitão na reserva tem superado os 19% nas intenções de voto nas sondagens, figurando em primeiro lugar sempre que Lula não é considerado. No entanto, Bolsonaro tem uma taxa de rejeição que supera os 70% em muitas sondagens, dificultando-lhe a conquista da presidência na segunda volta, a 28 de outubro.

Em segundo lugar na tabela encontra-se Marina Silva, da Rede e ex-ministra do Ambiente pelo PT entre 2003 e 2010, com intenções de voto entre os 14% e os 15%. A autoproclamada ambientalista com ligações aos agronegócios depara-se com uma barreira já conhecida pelas pequenas candidaturas: o baixo tempo de antena nas televisões e nas rádios. No debate, Marina focou as suas baterias no atual Governo de Michel Temer, acusando-o de «assaltar o povo», Pelo meio, aproveitou para criticar  Alckmin, acusado de querer seguir a mesma política de Temer e as suas alianças com todos os candidatos. «Alianças são por tempo de TV, para se manter no poder. É a governabilidade com base no exercício puro e simples do poder», acusou Marina.

Geraldo Alckmin, ex-prefeito de São Paulo e presidente do PSDB, figura em terceiro lugar nas preferências do eleitorado. Em 2006 concorreu à presidência e perdeu na segunda volta para Lula, mas agora acredita que, se o ex-Presidente não puder concorrer, terá hipóteses de chegar ao Planalto. Nas eleições anteriores, Aécio Neves, candidato pelo seu partido, disputou a segunda volta contra Dilma. Alckmin conta com o apoio dos partidos do centrão brasileiro – DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade. 

Sem Lula, o candidato mais relacionado com a esquerda e melhor colocado é Ciro Gomes, do PDT e ex-governador do Ceará. Nas sondagens obtém entre 10% e 11% dos votos, ainda que tenha uma rejeição do eleitorado na ordem dos 23%. O seu principal obstáculo tem sido a falta de apoios (ver texto secundário), ficando isolado na corrida presidencial – algo a que o PT se tem dedicado. 

Os restantes candidatos – e que não ultrapassam a fasquia dos 3% – são João Amoêdo (Novo), João VIcente Goulart (PPL), Eymael (DC), Vera Lúcia (PSTU), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB).