PT alia-se a partidos do ‘impeachment’

Para o PT, o ‘impeachment’ de Dilma foi um ‘golpe’, mas, agora, aliou-se a partidos que o apoiaram em 15 estados brasileiros.

A ex-Presidente brasileira Dilma Rousseff foi alvo de um «golpe» com o impeachment em 2016. Esta é a posição consensual entre o Partido dos Trabalhadores e os seus aliados à esquerda, mas nem por isso o PT deixou de se aliar em 15 estados a partidos que apoiaram o «golpe» contra a sucessora do antigo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que integraram o Governo de Michel Temer. O levantamento foi feito pelo jornal brasileiro O Estado de S. Paulo. Em seis estados o PT terá um candidato seu como cabeça de lista a governador, enquanto nos restantes nove apoiará candidatos de partidos como  MDB, PSD, PTB, PR, PSB e Rede. Por exemplo, quatro dos candidatos a governador pertencem ao PSB, partido que decidiu apoiar o impeachment contra Dilma no Congresso brasileiro. Com o apoio dos petistas, o PSB chegou a acordo para não apoiar nenhum candidato à presidência brasileira, isolando o candidato Ciro Gomes, do PDT. O PT corria o risco de perder votos à esquerda para Gomes. 

O PT também está a apoiar candidatos de outros partidos na corrida para o Congresso brasileiro. «Há claramente uma escolha que busca sua sobrevivência política, mesmo que para isso tenha que sacrificar nomes históricos ou cadeiras que poderia disputar para o Senado em alguns lugares», disse Luciana Santana, professora de Ciência Política da Universidade Federal de Alagoas. «Mas a estratégia é arriscada e pode ampliar o desgaste interno do partido».

Confrontada com a contradição entre a política de alianças e o discurso do «golpe», a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, garantiu: «Não há [contradição], porque estamos deixando claro que eles têm de apoiar Lula. Em todos esses casos, tem apoio a Lula e uma autocrítica inclusive».