Companhias aéreas poupam mais de 5 mil milhões em indemnizações

A maioria dos passageiros não conhece a legislação e, por isso, não pede compensações

Todos os anos ficam por reclamar, a nível mundial, mais de 5 mil milhões de euros por incumprimento das companhias aáreas. De acordo com um estudo da AirHelp, 87% dos passageiros não conhecem os direitos e isso faz com que as transportadoras consigam encaixar milhões por compensações que não são pedidas. 

Com o verão a ficar marcado por perturbações várias nos voos, este ponto ganha especial importância. A plataforma avança mesmo que falamos de cerca de 13 milhões de passageiros afetados todos os anos. Destes, apenas metade reclama.

Bernardo Pinto, Brand Manager e porta-voz da AirHelp, explica que “é evidente que os passageiros aéreos ainda se sentem impotentes contra as companhias aéreas e muitos perdem a oportunidade de obter compensações ao não submeterem o pedido”.

A verdade é que, no caso de atrasos superiores a três horas, cancelamentos ou impedimento de embarque, “os passageiros podem ter direito a uma compensação até 600 euros por pessoa”. Ainda assim, importa referir que, para que haja direito a indemnização, a “razão da perturbação deve ser causada pela companhia”.

Ano começa mal Além de dezenas de voos da TAP cancelados logo nos primeiros meses do ano, as greves da Ryanair têm estado na ordem do dia, com centenas de passageiros a ficarem em terra. 

A última paralisação, coordenada de pilotos da Ryanair em cinco países europeus, forçou mesmo o cancelamento de 400 voos da companhia aérea irlandesa de baixo custo, afetando mais de 60 mil passageiros. 

A companhia tem tentado, no últimos meses, minimizar o descontentamento dos passageiros, mas várias associações de consumidores acusam a Ryanair de não responder às reclamações de passageiros afetados pelos cancelamentos de voos. Em causa estão indemnizações de muitos milhares de euros ainda por pagar.

Overbooking também rende Quando se fala de overbooking, fala-se de uma forma legal de evitar ter lugares vazios. Como são registados casos de pessoas que acabam por não embarcar por um motivo ou outro, as companhias aéreas começaram a vender o mesmo lugar mais do que uma vez. A prática está longe de ser nova, ainda que seja certo que se verifica uma trajetória ascendente no número de passageiros afetados.

Só em 2016, mais de 11 700 passageiros não conseguiram embarcar em aeroportos portugueses, o que fez com que as indemnizações por overbooking em Portugal chegassem aos 4,7 milhões de euros. Também por esta altura era tópico importante o facto de muitos passageiros não pedirem compensação. Entre EUA e Europa, as companhias estariam a conseguir poupar três mil milhões de euros.