Pinóquio. Dos brinquedos ao marisco

Aberto desde 1982, deve o seu nome à antiga loja de brinquedos que ocupava aquele espaço. Nas noites quentes de verão, a sua esplanada é uma das mais procuradas da capital.

Verde e branco: são estas as famosas cores do restaurante e cervejaria Pinóquio, aninhado num dos recantos da Praça dos Restauradores, em Lisboa. E apesar de as cores saltarem à vista, pouco querem dizer – até porque por ali passam adeptos de todos os clubes, confessa um dos funcionários do estabelecimento.

Do lado de fora, a esplanada chama atenção pelos inúmeros guarda-sóis das mesmas cores e a capacidade para 68 lugares sentados, com mesas decoradas a rigor: a mesa posta com toalhas igualmente verdes e louça da Vista Alegre chama a atenção de quem passa numa das praças mais movimentadas de Lisboa.

Ainda antes de entrar, vê-se suspensa na montra a mascote que dá nome à casa: um pinóquio de madeira. Além do boneco, também se avista outro cartão de visita da casa, o marisco e o peixe. Amêijoas, lagostas ou ainda outra especialidade da casa: a garoupa.

Já no interior, há dois aquários com sapateiras e lagostas vivas, que despertam desde logo o apetite de quem por lá passa. Ao todo são 90 lugares no interior e Filipe Costa, proprietário do Pinóquio, afirma que não é raro ter a casa cheia. Aliás o proprietário garante que tem notado «um crescimento».

A localização também é um dos pontos essenciais, mas o sucesso não passa só por aí. Tal como as cores não representam tudo, «a morada e o nome pouco importam, quando se serve boa comida», afirma Filipe Costa.

O estabelecimento está há 36 anos a servir marisco, peixe e carne – por esta ordem de preferência – e tem até pratos de assinatura. Os que mais populares são as gambas da costa, cozidas apenas com sal, as amêijoas feitas com o tradicional molho de alho e coentros, o pica-pau, que é simplesmente bife do lombo mal passado, temperado com molho de alho, manteiga e vinho (e acompanhado por batatas fritas caseiras às rodelas), ou a garoupa assada no forno.

Filipe Costa garante que o Pinóquio tem sempre um tempero especial nos seus pratos, para que estas sejam «refeições para nunca mais esquecer na vida». Por isso, o dono considera que «tudo é uma especialidade. Desde um prego a uma lagosta grelhada».

E a ementa prolonga-se: do lado do marisco ainda servem percebes e santola. Às amêijoas podem juntar-se a feijoada, a massada, o arroz ou a açorda. Ou as gambas fritas à malaguenha.

Já no que diz respeito aos peixes, o restaurante serve bacalhau, lulas e tamboril, além da famosa garoupa. No que toca às carnes, as opções variam entre arroz de pato, costeletas de borrego no churrasco e solomillo de porco ibérico com alho. A qualidade das matérias-primas é um dos pontos de honra.

O espaço está aberto todos os dias do meio dia à meia noite, excetuando os feriados de Natal e de Ano Novo. Os preços rondam os 60 euros para duas pessoas (com direito a entrada, prato principal e bebidas).

 

A história

O restaurante nasceu pela vontade de Filipe Costa e do seu irmão, que já trabalhavam como empregados de mesa noutra cervejaria Dos arredores de Lisboa. Em 1982 a dupla abriu o negócio que garante ter «afreguesado em 1983» e hoje Filipe Costa acredita que «está no coração dos nossos clientes».

Antes de ser um restaurante, o espaço era ocupado pela antiga loja ‘Pinóquio’, que vendia brinquedos. Foi esse o motivo para os donos escolherem o nome do negócio: já estava na memória das pessoas e como não ia influenciar a qualidade do que vendiam, acabaram por adotá-lo. Para o atual Pinóquio se tornar «uma casa com história», os primeiros passos foram decisivos.

Quanto aos fregueses, primam pela fidelidade, embora também se veja por aqui muitos turistas: «Tenho clientes desde que abrimos a casa, que entretanto passaram o gosto para os filhos e, posteriormente, aos netos que também já cá vêm», garante um dos fundadores do Pinóquio.

Mas para que hoje isso aconteça, «houve uma grande dedicação porque todos podem abrir um restaurante, mas para mantê-lo temos que nos dedicar e dar muitas horas das nossas vidas».

Filipe Costa relembra que os irmãos investiram muito no restaurante, mas não inventaram «a pólvora». Ambos já tinham tudo planeado e estudaram bem o mercado, para que nada falhasse.

«Aquilo que queríamos fazer, já estava tudo programado. Sabíamos exatamente como atuar. A sorte que tivemos foi que deu muito trabalho». E ao trabalho juntam-se as memórias e as histórias que ficam no coração de Filipe Costa.