Qual é o número ideal de filhos?

Já em pequenas as crianças gostam de imaginar a vida que terão quando forem crescidas. Fazem-no em brincadeiras e em jogos em que inocentemente tentam prever se se irão casar, com que idade, com quem e quantos filhos irão ter. Em relação a este último aspeto há uma ideia que se começa a criar que…

Já em pequenas as crianças gostam de imaginar a vida que terão quando forem crescidas. Fazem-no em brincadeiras e em jogos em que inocentemente tentam prever se se irão casar, com que idade, com quem e quantos filhos irão ter. Em relação a este último aspeto há uma ideia que se começa a criar que depende de estarem mais ou menos satisfeitas com o número de irmãos lá em casa, com gostarem mais ou menos de bebés e de crianças, etc. Naturalmente, à medida que vão crescendo as ideias também se adaptam à realidade e até ao desejo de quem se escolhe para ter filhos.

É uma decisão que se toma, ou que se vai tomando, e que é para a vida. Deles e nossa. E há também um período para que isso aconteça, cada vez mais extenso. Ultrapassado esse período quem está está, quem não está já não vem. 

Para quem pode escolher, há opções para todos os gostos. A maioria acha que dois é o número ideal e de preferência um menino e uma menina para não perder pitada. Porque só um fica sozinho e mimado e dois não dão muito mais trabalho e já não são filhos únicos. Mas há também quem ache que não consegue proporcionar a mais filhos a vida que pode oferecer a um, optando por dedicar-se-lhe totalmente, como alguns animais que vivem em condições adversas e preferem apostar tudo na sobrevivência de um filho, a criar dois mais frágeis que podem nem conseguir superar os primeiros dias de vida. Outras pessoas ainda acham que dois filhos é pouco e que três, não dando muito mais trabalho nem despesa, farão a diferença. E ainda há quem defenda que a partir dos três os filhos se criam sozinhos e podem vir quantos quiserem.

Todas as opções são válidas e genuínas e têm a ver com a maneira de ser e de pensar de cada um. Há pessoas que foram feitas para ter só um filho, como um casal que vi um dia destes num shopping. A mãe com uma criança de pelo menos dois anos ao colo dizia ao pai que não podia fazer mais nada porque já estava a cuidar do filho. O pai lá se ajeitou a vir com os tabuleiros e o carrinho da criança. Com um ar muito atarefado e compenetrado, a mãe passeava com o filho para trás e para a frente. Ainda pensei que o menino estivesse doente – vim a perceber que não. A verdade é que há pessoas para quem criar um filho é uma tarefa árdua e extenuante. Exige tanta dedicação, tempo e paciência que acreditam que não conseguirão gerir a chegada de outro filho. Outros casais têm seis filhos e criam-nos com a maior naturalidade e descontração. São aquelas famílias carregadas de crianças que passeiam com a maior tranquilidade e nos fazem parecer tudo extremamente fácil.

Não há números certos nem números errados; famílias perfeitas ou totalmente desastrosas. Neste aspeto – como em todos os outros, aliás – é importante sermos fieis ao que sentimos e decidirmos consoante o que entendemos ser melhor para cada família e para cada casal, mantendo a harmonia e felicidade. E fazermos ouvidos moucos às más-línguas. Embora toda a gente se queixe da baixa natalidade em Portugal e da falta que fazem as crianças, quando tive o quarto filho muitas pessoas ficaram chocadas, outras tantas com pena de mim e poucas ficaram felizes como tinham ficado quando anunciámos os anteriores. Se foi uma alegria contagiante dar a notícia do primeiro filho, não sei como faria se tivesse que dar a do quinto.

filipachasqueira@gmail.com