UE divide-se em duas frentes

O primeiro-ministro húngaro e o ministro do Interior italiano  acordaram esta semana uma aliança anti-imigração.

Os Estados-membros da União Europeia estão a dividir-se em duas frentes: os defensores do acolhimento de refugiados e os que querem travar, por terra e mar, a chegada de quem tenta alcançar a Europa. Críticos da política europeia de acolhimento de refugiados, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e o ministro do Interior italiano e líder da Liga, Matteo Salvini, encontraram-se, esta terça-feira, em Milão, para acordarem «estratégias alternativas» à que Bruxelas tem vindo a seguir nos últimos anos. Pelo meio não deixaram de criticar ferozmente o presidente francês, Emmanuel Macron, por ser um dos defensores do acolhimento de refugiados. 

«Queremos transformar a Europa. Queremos proteger as nossas fronteiras e vamos combater as políticas de imigração de Macron e de [George] Soros», declarou Salvini em conferência de imprensa depois do encontro. «Existem dois campos neste momento na Europa. Um é liderado por Macron, que apoia a imigração, e o outro é apoiado por países que querem proteger as suas fronteiras. A Hungria e a Itália pertencem a este último», acrescentou Orbán. 

Para poderem travar a imigração, Orbán e Salvini defenderam a necessidade de «uma nova Comissão Europeia» e de «um novo Parlamento Europeu», apontando para as eleições europeias de maio de 2019. 

Confrontado com as críticas, o presidente francês aceitou o desafio e aceitou o rótulo de «principal adversário» de Salvini e Orbán. «É hoje claro que uma forte oposição está hoje em construção entre nacionalistas e progressistas e não cederei em nada aos nacionalistas e àqueles que advogam discursos de ódio», reagiu Macron esta quarta-feira à margem de uma visita à Dinamarca. «Se eles querem ver-me como principal adversário, estão certos em fazê-lo», continuou o chefe de Estado. 

É conhecida a inimizade política entre Macron e Salvini. Quando o ministro italiano começou a recusar o desembarque de navios humanitários nos portos italianos, o chefe de Estado francês acusou extremistas «vizinhos» de estarem a trair os valores europeus.  Por sua vez, Salvini disse que Macron deveria ter «vergonha» pelo que disse.

«Nós não recebemos lições de um hipócrita», afirmou Salvini na quinta-feira, «desde o princípio de 2017 até ao dia de hoje, a França do ‘bom Macron’ rejeitou mais de 48 mil imigrantes nas fronteiras com a Itália, incluindo mulheres e crianças». Em vez de lições, Salvini pediu ao presidente francês que «reabra as fronteiras e receba os milhares de migrantes que prometeu receber».