Na Alemanha, a esquerda criou um novo movimento político

O Aufstehen (Levantem-se) quer atrair pessoas dos vários partidários e ser a voz dos desencantados com o atual cenário de partidos

Há uma “crise da democracia porque a prosperidade já não está a ser partilhada entre todos os eleitores alemães, daí a necessidade da criação de um movimento interpartidário de esquerda que possa regulamentar o capitalismo neoliberal. “Apesar do crescimento económico, 40% dos residentes têm hoje menos rendimento líquido que há 20 anos; a democracia já não está a funcionar”, afirmou Sahra Wagenknecht, colíder do Die Linke, ao lançar, em Berlim o Aufstehen (Levantem-se), uma aliança de pessoas de esquerda de diferentes sensibilidades que se assemelha a outros movimentos surgidos no Reino Unido, França e Estados Unidos.

O projeto do Aufstehen já conseguiu atrair 101 mil apoiantes e inclui, entre outros, Ludger Volmer, dos Verdes, o deputado social-democrata Marco Bullöw, o dramaturgo Bernd Stegemann e o antigo líder do Die Linke e marido de Wagenknech, Oskar Lafontaine.

“Tem a ver com coragem para superar o neoliberalismo mainstream, tem a ver com uma política social que seja do interesse da maioria”, afirmou Wagenknecht ao Nachdenkenseiten.de, citado pela Deutsche Welle.
A política do Die Linke diz que “há alternativas” à “globalização conduzida pelas empresas”, à “desintegração do Estado providência” e à “corrente interminável de novas guerras”. “Queremos devolver a esperança às pessoas de que a política pode ser mudada”, acrescentou.

Desde a sua génese que o Aufstehen se assume como um movimento e não como um partido. A ideia é que se abra a pessoas do Die Linke, dos Verdes e do SPD, as grandes correntes da esquerda alemã, sem para isso obrigar a que as pessoas deixem os seus próprios partidos. “Ninguém precisa de deixar a sua organização para trabalhar connosco, mas especialmente queremos encorajar aquelas pessoas que não se sentem bem em nenhum partido para agir”, explicou.
 Para Lars Klingbeil, secretário-geral do SPD, o novo movimento não é mais do que uma “luta de poder” dentro do Die Linke e o vice-presidente dos sociais-democratas, Ralf Stegner,  já advertiu os militantes do partido sobre os “conhecidos separatistas”. Referindo-se sem o nomear a Lafontaine, que chegou a ser líder do SPD antes de sair para liderar o Die Linke.

Uma sondagem divulgada pelo maior portal de notícias alemão, o t-online, refere que 62% dos inquiridos não acreditam que o Aufstehen terá sucesso em atrair os eleitores desencantados com os atuais partidos. Só 19,8% se mostra confiante que o movimento poderá vir a ter sucesso a longo prazo.