O líder do PSD regressou à atividade política há uma semana com um registo muito duro para os críticos internos. Ontem subiu a parada e convidou-os a sair. «Aqueles que discordam devem sair. (…)O que não é bonito? Ficar dentro do PSD a destruir o próprio partido», declarou Rui Rio, citado pela TSF. Depois do desafio, Rio elogiou Santana Lopes, pela frontalidade ao criar um novo partido, o Aliança: «Podemos discordar, e eu posso discordar por ele ter saído, mas há pelo menos uma frontalidade. Saiu e tem legitimidade para criticar».
Não há memória recente de um líder social-democrata ter pedido a saída dos seus críticos internos do partido, mas o presidente social-democrata arriscou e segundo um destacado militante, ouvido pelo SOL, Rio não vai parar. E só sai se tiver uma derrota muito pesada nas legislativas, como admitiu à TSF.
Perante o desafio de Rio, um dos potenciais candidatos à liderança do partido, Luís Montenegro, esteve incontactável.
Pedro Duarte, que assumiu a sua disponibilidade para concorrer à liderança do PSD, também não quis tecer qualquer comentário.
Tal como Miguel Pinto Luz, ex-líder da distrital do PSD/Lisboa, que não esconde a ambição de ser candidato à presidência dos sociais-democratas.
Mas se os potenciais candidatos não reagiram, no PSD surgiram, de imediato, vozes críticas da posição de Rio nas redes sociais.
O presidente da Câmara de Cascais questionou: « Mas que necessidade tem Rui Rio de permanentemente fazer bullying para os seus companheiros».
Miguel Morgado, deputado e antigo conselheiro de Passos Coelho, acrescentou que «o PSD não tem donos. Nem pode ser um partido de expulsões, cisões e saídas».
Quem também não poupou nas críticas foi o deputado Carlos Abreu Amorim, acusando Rio de ser «um chefe de fação e não de um presidente de um grande partido democrático».
Também José Eduardo Martins, antigo deputado e candidato à Assembleia Municipal de Lisboa, criticou a atitude de Rui Rio: «É mau conselho. Já eu, apesar da miséria das sondagens, acho que todos somos poucos e que até o Dr. Rui Rio faz falta».
Provedor sem poderes
No próximo dia 12, o líder do PSD testa a contestação interna no conselho nacional, que servirá também para aprovar a alteração de estatutos do partido. O PSD vai ganhar um provedor do militante, mas os seus poderes serão limitados. Qualquer decisão ficará sempre nas mãos do Conselho de Jurisdição Nacional do partido. Na lista constam ainda o pagamento das quotas «preferencialmente» por débito direto, além de uma convenção nacional, não eletiva, a ter lugar «de dois em dois anos».