Desde o início do ano já foram assassinadas 21 mulheres vítimas de violência doméstica

Só este ano, já foram assassinadas vinte e uma mulheres vítimas de violência doméstica ou de relações de intimidade, indica o Observatório de Mulheres Assassinadas.

Até ao dia de ontem, quarta-feira, a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), através do seu Observatório de Mulheres Assassinadas, contabilizou já 21 mulheres mortas por atuais e ex-companheiros ou familiares muito próximos.

Elisabete Brasil, da UMAR, em declarações à agência Lusa, referiu que, ao contrário daquilo que se tem verificado no que diz respeito a homicídios, há uma tendência decrescente, o que significa que os números de feminicídio se têm mantido constantes.

“Este ano está novamente a contrariar, segue as tendências da última década e voltamos a um contraciclo. Ainda é cedo para falarmos do número total, mas já temos confirmadas 21 mulheres e isso é brutal tendo em conta que estamos em setembro e já temos o mesmo nível de mortes do ano passado”, aponto a responsável da UMAR.

No seu relatório intercalar, a UMAR tinha já contabilizadas 16 mulheres mortas – entre 1 de janeiro e 30 de junho -, um número que já aumentou para 21, havendo ainda sete casos por confirmar se são ou não feminicídios.

No entanto, apesar de ainda ser necessário fazer confirmações de números, a análise permite concluir que houve um aumento no que diz respeito ao nível da violência. “Este ano foi o primeiro ano que em só houve arma de fogo numa situação e as outras são todas por esfaqueamento, asfixia. Pela primeira vez nestes 15 anos, surge o tiro esporádico e as outras formas, que são muito brutais, que agride, espanca, tortura, é de uma agressividade e brutalidade”, explicou a responsável à Lusa.

Além disso, Elisabete informou ainda que há agora novas formas de cometer homicídios, e afirma tratarem-se de verdadeiras atrocidades: “É uma tortura para matar as mulheres. É uma das grandes novidades este ano, a tortura como forma de as matar. Estratégias de guerrilha e tortura conjugadas”.