No 10.º país mais democrático do mundo

O SOL saiu para as bancas pela primeira vez a 16 de setembro de 2006. Faz amanhã 12 anos. Há 12 anos, dois semanários (o SOL e o Expresso) e dois diários (o Correio da Manhã e o Jornal de Notícias) vendiam, somados, 400 mil jornais num dia. 12 anos depois, todos somados, não chegam…

O SOL saiu para as bancas pela primeira vez a 16 de setembro de 2006. Faz amanhã 12 anos.

Há 12 anos, dois semanários (o SOL e o Expresso) e dois diários (o Correio da Manhã e o Jornal de Notícias) vendiam, somados, 400 mil jornais num dia.

12 anos depois, todos somados, não chegam a 200 mil. Ou seja, menos de metade.

Simultaneamente, o investimento publicitário nos meios de informação caiu vertiginosamente.

Ainda que o mercado continue com os vícios de sempre, guiando-se por números virtuais, fabricados e manipulados à vontade (não do freguês – esse, o público, sempre prejudicado) dos seus agentes dominantes ou dominadores, a começar pelos grandes grupos de comunicação social, que esmagam os preços com descontos insustentáveis, investem o que não podem no entretenimento e desinvestem até onde podem na informação.

Está tudo assumidamente desvirtuado, num mercado desregulado e desavergonhado.

Mas parece que está tudo bem.

E não está. Tanto que até o presidente da RTP veio defender o aumento da taxa de televisão (contribuição para o audiovisual) e o aumento dos espaços (tempos) de publicidade em canais como a RTP Memória e a RTP 3.

Já lá vai o tempo em que Mário Crespo se despedia no seu Jornal das 9 da SIC-Notícias com os custos diários da televisão pública para o erário público. Mas já não há Mário Crespo nos noticiários da TV – voltou recentemente aos ecrãs, e é bom revê-lo e em forma, mas só num anúncio.

Portugal tem quatro-canais-quatro de televisão quase exclusivamente dedicados à informação. 24h por dia.

E a internet contribuiu em muito para a massificação e democratização da informação.

Mas nem por isso podemos concluir que a informação dos tempos que correm é melhor e mais especializada do que a que tínhamos há 12 anos. 

Porque, por regra, não é.

Há hoje muito menos investimento e muito menos investidores nos meios de informação. E dizem eles, para justificar o desinvestimento, que a informação e os media são um ‘perdócio’.

Pois sim. Será chão que já deu muito mais uvas, com certeza, mas por que será que eles, os donos desses ‘perdócios’, continuam a recusar-se a abrir mão dos seus ‘negócios’? E por que tanto receiam e tanto combatem a entrada de novos players no ‘seu’ mercado?

Esta semana, o Público divulgou em manchete um estudo que coloca Portugal como 10.º país mais democrático do mundo.

O estudo lá tem os seus critérios e lá terá a sua fiabilidade. De outro modo, nem o Presidente da República nem o primeiro-ministro se teriam dado ao trabalho de o comentar, nem motivos veriam para saudar ou enaltecer os seus resultados.

E se Portugal surge em 10.º lugar num estudo que inclui mais de 200 países – ficando só atrás de Noruega, Suécia, Estónia, Suíça, Dinamarca, Costa Rica, Finlândia, Austrália e Nova Zelândia -, não restam dúvidas de que sobejam razões para nos vangloriarmos. Ou, pelo menos, para não invejarmos a má sorte de todos os outros.

Mas desenganemo-nos. Se a informação e o conhecimento continuam a ser fundamentais para se avaliar o estado da democracia de um povo ou de um país, é bom que cuidemos de olhar para a realidade ameaçadora que cada vez mais se nos impõe (e que estes estudos – como quem vê de fora ou simplesmente não vê nem quer ver – demoram mais tempo a refletir).

E, enquanto pudermos, continuarmos a lutar contra ela.

Pela informação e pelo conhecimento. 

Pelo pluralismo, pelo confronto de ideias e de opiniões, respeitando-as por mais que se discorde.

Pela liberdade. 

Enfim, pela democracia. Esse regime que até pode não ser grande coisa, mas continua a ser o melhor que se conhece. 

Parabéns, também por isso, a toda a equipa do SOL, aos seus parceiros e anunciantes e aos seus leitores e compradores por mais este ano de vida!