Há quem ataque o SNS “para o desgastar” e “depois poder privatizar”, garante ministro da Saúde

Adalberto Campos Fernandes falou na cerimónia do 39º aniversário do SNS, que decorreu em Coimbra

Adalberto Campos Fernandes, ministro da Saúde, disse ontem durante a cerimónia de comemoração do 39º aniversário do Serviço Nacional de Saúde (SNS) – que decorreu em Coimbra – que há pessoas que atacam diariamente o SNS. Segundo o ministro, as críticas têm como objetivo desgastar o serviço e assim, apresentar propostas que visam acabar com a sua reforma enquanto serviço público e privatizá-lo.

Os problemas do SNS ainda não estão “todos resolvidos”, reconheceu o governante, acrescentando que o serviço “é um desafio” diário. Contudo, disse que o que é necessário fazer é uma “política com humildade, mas também não ter ilusões de que há pessoas que todos os dias atacam o SNS apenas e só para o desgastar para depois aparecerem propostas”.
Quanto a estas propostas, Adalberto Campos Fernandes considerou que quem critica o serviço pretende “no fundo, desistir da reforma do SNS por dentro da sua função de serviço público para depois poder privatizar”.

Apesar de considerar que as críticas são necessárias e bem-vindas, o ministro deixou a ressalva de que é preciso saber “qual é a natureza da crítica”, de maneira a perceber que quem nunca fala sobre o que corre bem, provavelmente “tem uma estratégia de desgaste diária” para passar a imagem de que “existe uma degradação do serviço”, com o objetivo de, provavelmente, “abrir espaço e caminho para que, depois apareçam propostas políticas que naturalmente digam que a função do SNS de natureza pública não funciona e o melhor será privatizar”.

Custa mais defender o serviço fazendo uma reforma “por dentro” do que “passar tudo para fora” e “criar um SNS a duas ou três velocidades, em que os mais pobres ficarão seguramente muito pior defendidos”. O governante disse ainda que isto não se trata de “um lamento” e que o governo recebeu “um SNS que estava exausto, exaurido em termos de investimento, com necessidade de recursos humanos e investimento”. Por esse motivo, é preciso “estar todos os dias a fazer um esforço para reconstruir esse património”.

Tanto o ministro como o governo querem “um SNS que honre o espírito do seu fundador” – António Arnaut – e que “respeite a Constituição da República Portuguesa”, revelou Adalberto Campos Fernandes.

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, também se pronunciou sobre o SNS. O bastonário disse que António Arnaut reconhecia “a destruturação crescente do SNS e os riscos que corria” e, por isso, sonhava em “restituir ao SNS a sua dignidade constitucional e a sua matriz humanista”. 

Miguel Guimarães garantiu ainda que a Ordem vai continuar a honrar o pensamento de Arnut, e que, “no dia em que o SNS não for sustentável, esse será o dia em que a democracia também não será sustentável”.