Furacão Florence matou 14 pessoas nos Estados Unidos

A queda de chuva e as cheias são as principais preocupações das autoridades norte-americanas com a passagem do Florence. Mangkut chegou ontem à China e causou pelo menos 64 mortos nas Filipinas

De um lado do mundo, no Atlântico, uma enorme tempestade atingiu os estados norte-americanos da Carolina do Sul, Carolina do Norte e Virgínia, enquanto no outro lado, no Pacífico, o supertufão Mangkut passou, este fim de semana, pelas Filipinas, Hong Kong e Macau. E, ontem, atingiu a China. 

À medida que avançava pelos estados norte-americanos, o furacão Florence foi perdendo força, passando a ser considerado depressão de nível dois. Os seus ventos passaram dos 112 para os 38 km/h, mas nem por isso a sua precipitação deixou de causar cheias, com as zonas próximas de rios a serem consideradas prioritárias para a retirada das populações. Uma das principais preocupações das autoridades é a precipitação “épica” causada pela tempestade. 

“A tempestade está a descarregar uma quantidade de precipitação épica e em alguns lugares em pés, e não em polegadas”, afirmou o governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, no sábado. Com a ameaça de chuva extremamente forte, as autoridades ordenaram às populações que abandonassem as suas casas. Foi o caso da cidade de Fayetteville, localizada nas proximidades de dois rios, por receio de cheias. “Se está a recusar cumprir a evacuação obrigatória, então deve notificar os seus mais próximos por a perda de vida ser muito, muito provável”, disse o presidente da câmara da cidade, Mitch Colvin. “O pior ainda está para vir”, alertou.

A imprensa norte-americana avançava ontem que pelo menos 12 pessoas perderam a vida na Carolina do Norte e outras duas na Carolina do Sul. Mais de um milhão de empresas e habitações ficaram sem eletricidade na Carolina do Norte, ainda que as autoridades tenham encetado esforços para repor a energia. 

Entretanto, a Guarda Costeira e barcos com voluntários estão a retirar as populações das zonas isoladas pelas cheias. Para Dennis Fetlgen, do Centro Nacional de Furacões dos EUA, 90% das mortes causadas por furacões estão relacionadas com a subida das águas. 

Se nos Estados Unidos alertam que o pior ainda está para vir, no Pacífico, o supertufão Mangkut deixou, este fim de semana, um rasto destrutivo por onde passou. Nas Filipinas, a sua passagem causou desabamentos de terras e cheias, matando pelo menos 64 pessoas, das quais 38 na província de Benguet, na ponta sul da ilha, a zona mais atingida pela tempestade. E, segundo o presidente da vila de Itogon, Victorio Palangdan, receia-se que mineiros e suas famílias se encontrem presos na sequência de um desabamento de terras sobre um abrigo onde estavam. 

O presidente filipino, Rodrigo Duterte, e membros do seu governo dirigiram-se para a zona de Cagayan, outra das mais afetadas, e numa comunicação televisiva afirmou que “partilha a dor daqueles que perderam os seus entes queridos”. 

Na noite de sábado para domingo, a tempestade passou por Hong Kong e Macau, com esta última a encerrar pela primeira vez os seus casinos. As autoridades de Hong Kong emitiram o alerta máximo e aconselharam as populações a afastarem–se de locais íngremes por risco de desabamentos. Janelas partidas e árvores arrancadas do solo foram algumas das imagens mais comuns. 

Algumas horas depois, o supertufão chegou ao sul da China, atingindo a província de Cantão com ventos na ordem dos 160 km/h e obrigando à deslocação de mais de 2,4 milhões de pessoas. Pelo menos duas morreram, avançou ontem a imprensa chinesa. 

A força da tempestade surpreendeu mesmo quem já se habituou a estes fenómenos naturais. “Senti o edifício a tremer e ouvi o som do tufão”, contou Deborah Dai, que vive na cidade de Shenzhen, em Cantão, ao “South China Morning Post”. “Alguns dos meus vizinhos abandonaram os seus apartamentos no topo do prédio e abrigaram–se na cave”, acrescentou.