Diretor-geral da Educação já mandou retirar inquéritos com questões alegadamente racistas

José Vítor Pedroso garante que será “verificado o que correu mal”.

O Jornal de Notícias havia avançado, na edição desta terça-feira, que os pais dos alunos de pelo menos duas escolas do 1.º Ciclo do Grande Porto haviam recebido um inquérito com questões acerca da ascendência dos alunos, adiantando ainda que este havia sido autorizado pela Direção-Geral da Educação (DGE).

José Vítor Pedroso, diretor-geral da Educação, citado pela Lusa, informou que já foram mandados retirar os inquéritos e que será “verificado o que correu mal”.

“Este questionário, como tinha perguntas sensíveis, exigiu uma avaliação prévia da Comissão de Proteção de Dados. Nós trabalhamos com a comissão e em alguns questionários é-lhes pedido um parecer prévio. A comissão aprovou este, mas desde que fossem retiradas as questões relacionadas com a origem étnica dos estudantes. Foi nessa condição que foi aprovado", disse, em declarações à Lusa.

José Vítor Pedroso, garante ainda não ter “percebido o que aconteceu”, Contudo, acredita que terá sido aplicado o questionário original, ao invés do aprovado pela DGE.

Relativamente ao papel das escolas nesta situação, o diretor-geral da Educação afirma que estas não terá tido “tempo para verificar” os questionários.

“O que me referiram da escola (a escola é que deveria ter analisado o questionário) é que tinham analisado uma versão, que não esta, e que no dia da aplicação do questionário, estes chegaram à escola num envelope fechado. A escola, no meio de um primeiro dia de aulas, não teve tempo para verificar", contou.

Recorde-se que, o JN avançou que o inquérito questionava se a origem do pai ou da mãe era "portuguesa, cigana, chinesa, africana, Europa de Leste, indiana, brasileira" ou outra, o que levou a que alguns dos pais apresentassem denúncias no Alto-Comissariado para as Migrações (ACM), na Comissão para Igualdade e Contra a Discriminação Racial e também junto de Rosa Monteiro, secretária de Estado da Cidadania e Igualdade.

O inquérito foi organizado por uma empresa de consultadoria em economia comportamental, a CLOO, em parceria com a Fundação Belmiro Azevedo e coordenado pela investigadora Diana Orghian, com o objetivo de "melhorar os métodos educativos em Portugal”.