Liga dos Campeões. Podia ser pior mas é preciso muito mais

O FC Porto trouxe um empate (1-1) arrancado a ferros de Gelsenkirchen, com um penálti falhado e outro caído do céu a valer o saboroso pontinho. Espera-se mais do campeão nacional no resto da competição

Do mal, o menos. Gelsenkirchen confirmou mais uma vez não ter apetência para ser uma cidade de más memórias para o FC Porto: o 1-1 final frente ao Schalke 04, vice-campeão alemão mas atual último classificado da Bundesliga, acabou por ser lisonjeiro para os dragões. Valeu o rigor extremo da equipa de arbitragem, que permitiu a Otávio limpar o primeiro falhanço de Alex Telles e resgatar um saboroso pontinho para os campeões nacionais.

Nesta segunda-feira, na véspera de iniciar a 20.ª participação na prova (recorde absoluto), Iker Casillas assumia a existência no balneário portista do sonho de vencer a Liga dos Campeões. Tal não ficou, todavia, espelhado na exibição do FC Porto na noite desta terça-feira. Os dragões, com Danilo no onze e Sérgio Oliveira no banco e apenas um reforço a titular (o central brasileiro Militão), até tiveram direito a brinde logo aos 12 minutos, com o árbitro espanhol Gil Manzano a assinalar grande penalidade por mão de Naldo, central brasileiro do Schalke. Na conversão, todavia, Alex Telles viu o guardião Farhmann negar-lhe o golo com uma soberba intervenção.

Voltava tudo à estaca zero e assim ficaria até aos 64’, quando um deslize de Herrera deu origem a um contra-ataque fulminante dos alemães, com McKennie a assistir Embolo. O internacional suíço não atirou de primeira, mas o remate subtil seria mesmo suficiente para bater Casillas. Na primeira real ocasião de perigo, o Schalke inaugurava o marcador, obrigando o FC Porto a acelerar.

E aos 74’, os azuis-e-brancos acabariam por beneficiar de nova grande penalidade, esta bem mais discutível: o juiz da partida considerou que Naldo (jogo para esquecer do veterano internacional canarinho) derrubou Marega na área alemã, mas a decisão parece algo forçada. Desta feita foi Otávio a assumir o risco e, ao contrário do lateral-esquerdo, o médio brasileiro não desperdiçou a ocasião: estava feito o 1-1, resultado que claramente agradava a Sérgio Conceição – pouco depois, o técnico portista trocou Brahimi por Sérgio Oliveira, abdicando assim de um virtuoso por troca com um médio mais de contenção.

Até ao fim, dois calafrios para cada lado, com Fahrmann a defender um pontapé de Otávio e Felipe quase a fazer auto-golo, num corte involuntário que passou a rasar o poste direito da baliza de Casillas. Com o apito final, e apesar do empate – segundo de sempre em solo alemão, primeiro em Gelsenkirchen -, o FC Porto saiu a sorrir. Mas em segundo do grupo, pois o Galatasaray não teve qualquer tipo de contemplações na receção ao Lokomotiv: 3-0. Manuel Fernandes foi titular e Eder entrou aos 69’, mas nem assim os russos travaram a avalanche ofensiva do campeão turco.

 

Vitória sem medo… de vencer Esta quarta-feira é a vez do Benfica iniciar a caminhada na fase de grupos da Champions. E, curiosamente, também frente a um adversário alemão – bem mais atemorizador que o opositor do FC Porto: tão-somente o Bayern Munique, hexacampeão germânico e candidato perene a conquistar a prova. “Uma das melhores equipas da Europa, recheada de jogadores talentosos e com grande experiência internacional”, salientou Rui Vitória, consciente das dificuldades que esperam os encarnados.

O treinador do Benfica, ainda assim, assumiu um discurso ambicioso, garantindo que as águias não vão mudar nada do que é habitualmente o seu modus operandi. “Nós trabalhamos com ideias muito claras, existem princípios de que não abdicamos. É evidente que em qualquer jogo há nuances que temos de criar para controlar as virtudes do adversário, mas não andamos a trabalhar com umas ideias para depois amanhã impor outras. A nossa forma de estar em campo vai ser a mesma: precisamos de respeitar o adversário, mas ter a arrogância para querer ganhar o jogo”, prometeu, revelando que Jonas está fora do encontro – tal como Ferreyra – e desvalorizando a horrível campanha da temporada passada, na qual o Benfica contou por derrotas os seis jogos: “Há um ano foi assim, há dois fomos aos oitavos-de-final e há três fomos aos ‘quartos’. O passado pouco ou nada me diz. Ando tão de bem com a vida que isto… O futebol é saber passar por um dissabor, levantar a cabeça e saber lidar com os sucessos.”

Do outro lado estará um Bayern com Robben e Ribèry, ambos recuperados de lesões, mas também Renato Sanches, convocado por Niko Kovac e que mereceu mesmo elogios do treinador dos bávaros. “Sabemos das qualidades dele, é um jogador jovem que tem potencial para evoluir e que certamente dará os seus préstimos a este clube. Não teve um período fácil, deixou a sua casa, a sua família, foi para a Alemanha, um país mais frio, onde as pessoas são diferentes e é preciso dar o tempo necessário a estes jogadores para se integrarem. Acho que este ano as coisas estão a correr muito bem e agora também esteve na seleção, o que lhe deu motivação, apercebi-me disso”, realçou o antigo médio croata, que se estreará hoje, aos 46 anos, como treinador na Champions.

 

Messi a triplicar espicaça Ronaldo Dos muitos jogos que irão decorrer na noite desta quarta-feira, e além do Ajax-AEK de Atenas, os outros dois integrantes do grupo de Benfica e Bayern, destaque para o grupo H, com o Manchester United de José Mourinho a visitar o Young Boys, da Suíça, e a Juventus de Cristiano Ronaldo e João Cancelo a deslocar-se a Valência.

Nos red devils, uma grande novidade: Diogo Dalot foi chamado pela primeira vez por Mourinho. O defesa português de 19 anos, que este verão trocou o FC Porto pelo Manchester United, foi operado ao menisco externo do joelho direito no final de abril e esta época soma apenas dois jogos nos sub-23 dos red devils, estando à espreita da estreia na equipa principal.

Em Valência estará um Cristiano Ronaldo motivadíssimo, depois da estreia a marcar pela Juventus no fim de semana – e logo em dose dupla. Mas haverá ainda outro aspeto que pode espicaçar o CR7: é que esta terça-feira, Lionel Messi, seu arquirrival, entrou na edição 2018/19 da Liga dos Campeões… com um hat-trick. O astro argentino apontou três dos quatro golos com que o Barcelona despachou o PSV Eindhoven, campeão holandês em título (4-0), com Dembelé a fazer o outro. São 14 edições consecutivas de Messi a marcar na prova, igualando um recorde que pertencia até aqui a Raúl, outra lenda do Real Madrid.

O outro jogo do grupo A foi bem mais emocionante: o Tottenham colocou-se em vantagem em Milão aos 53’, por Eriksen, mas o Inter acabaria por dar a volta nos últimos minutos. Icardi, aos 86’, e Vecino, já nos descontos, consumaram a reviravolta e o início positivo dos nerazzurri no regresso a uma competição onde não marcavam presença desde 2011/12.

De resto, destaque para o triunfo do Liverpool sobre o PSG (3-2), carimbado já nos descontos e depois dos parisienses terem anulado uma desvantagem de dois golos; no mesmo grupo (C), Estrela Vermelha e Nápoles empataram a zero. No grupo A, o Mónaco de Leonardo Jardim começou a vencer o Atlético de Madrid mas acabou por permitir a reviravolta (1-2), com o Borussia de Dortmund a conseguir o triunfo na Bélgica, diante do Club Brugge, já nos minutos finais (0-1).