Sintomas de depressão identificados em 25% dos alunos adolescentes portugueses

“Há mais vulnerabilidade nas raparigas no que toca à saúde mental, comparativamente com os rapazes”, alerta o responsável do estudo

Um estudo da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, apresentado esta quarta-feira, concluiu que um em cada quatro alunos do 7.º ao 12.º ano apresentam sintomas de depressão, principalmente as raparigas.

"Há cerca de 26% de adolescentes que tem sintomatologia depressiva, desde leve a moderada e grave, e destes, 600 (cerca de 40%) estão em risco mais elevado de terem comportamentos auto lesivos", disse o coordenador José Carlos Santos, enfermeiro especialista em saúde mental à Lusa.

Segundo o responsável, "há mais vulnerabilidade nas raparigas no que toca à saúde mental, comparativamente com os rapazes, e há mais vulnerabilidade no ensino secundário do que no terceiro ciclo".

Os resultados deste ano foram também comparados como s de anos anteriores e “não há uma melhoria, há alguma estabilidade em termos de números e há um ligeiro de sintomatologia depressiva, sobretudo moderada e grave na avaliação inicial, embora no final tenhamos conseguido reduzir um pouco essa sintomatologia depressiva”.

Ou seja, não se pode dizer, “do ponto de vista da saúde mental” que “os indicadores estão melhores, mas sim que houve alguma estabilidade com ligeiro agravamento da sintomatologia depressiva”.

O estudo que faz parte do programa “+Contigo” envolveu cerca de 6.900, tendo 6.100 sido validados para a investigação. Ao longo dos anos o projeto de apoio aos estudantes tem vindo a crescer e está presente em escolas das regiões Centro e Sul, Algarve e Açores. O objetivo é estender-se à região Norte dentro de dois anos.

"Quem esteve no projeto melhorou o bem-estar, o autoconceito e o coping [processo cognitivo para lidar com situações de stress], resultados muito evidentes de efetividade do programa, sendo de registar que, nas escolas onde o '+Contigo' está implementado, não houve situações de comportamentos suicidários registados", disse ainda José Carlos Santos.

No entanto o responsável mostrou-se preocupado com o que está a acontecer na Irlanda em que houve um aumento drástico de suicídios de adolescentes entre os 15 e os 19 anos. A história desses adolescentes tinha uma história que é concomitante com a nossa: são adolescentes que fazem cortes, que não têm nenhum acompanhamento do ponto de vista da saúde e que numa adolescência mais tardia cometem suicídio", explica.