Linha SOS Voz Amiga pode estar em risco de acabar

Organização terá de abandonar as instalações onde se encontra devido à subida da renda para “valores incomportáveis”.

A linha SOS Voz Amiga pode estar em risco de acabar, uma vez que vai ter de abandonar as instalações onde se encontra já até ao final deste ano e não tem capacidade financeira para poder arrendar um novo espaço em Lisboa, anunciou o presidente do serviço, Francisco Paulino.

A SOS Voz Amiga foi a primeira linha telefónica em Portugal de prevenção do suicídio e de apoio a situações de sofrimento causadas pela solidão, ansiedade, depressão, e foi criada a 9 de outubro de 1978.

“Festejar 40 anos com esta iminência de fechar o serviço não é fácil”, disse numa entrevista à agência Lusa Francisco Paulino, ao mesmo passo que explicava que o orçamento do serviço não permite arrendar um outro espaço em Lisboa.

O presidente disse ainda que a linha telefónica funcionou, “durante mais de 30 anos, num “local ótimo”, onde se pagava apenas uma renda simbólica. Quando a renda subiu para “valores incomportáveis”, a Linha SOS Voz Amiga foi obrigada a abandonar o local, e acabou por ser acolhida na Fundação São João de Deus.

“É neste espaço que estamos a enfrentar um problema que ultrapassa os responsáveis da Fundação, porque eles não são os proprietários, são apenas os concessionários”, contou Francisco Paulino.

A linha não tem apoios financeiros do Estado desde 2007, vivendo apenas das quotas dos sócios, de donativos e da consignação de 0,5% do IRS por parte dos contribuintes. Francisco Paulino diz à Lusa ser complicado arranjar uma alternativa: “Dezembro está à porta e nós não temos uma solução”.

O responsável afirmou também que para tentar colmatar este problema, a associação já bateu “a mutas portas” e enviou um pedido a António Costa para que este tente encontrar um espaço onde a Linha SOS Voz Amiga possa operar.

“O pedido foi enviado há cerca de três meses e estamos à espera. Todos sabemos que têm um país para governar, mas nós, os voluntários, e as pessoas que ligam para cá também pertencem a este país, e acho que merecíamos um pouco mais de atenção porque este serviço é fundamental”, disse Francisco Paulin.