Serra de Sintra. Há 52 anos, as chamas mataram 25 pessoas

Há 18, viveram-se momentos de pânico na praia do Guincho

Dia 9 de agosto de 2000. Estava um típico dia de calor e bom tempo na praia do Guincho, em Cascais. Várias famílias aproveitavam os dias de férias para aproveitar o dia de praia, que, naquela zona, é pautado (salvo raras exceções) por um pouco de vento. Por volta das 11h30, surge uma novem de fumo negro ao fundo – a Serra de Sintra estava arder.

Meia hora antes, um fogo deflagrou numa roulote de comes e bebes da festa da Malveira da Serra, por causa de uma botija de gás. Este foi o rastilho para um mar de chamas que varreu 500 hectares do Parque Natural Sintra-Cascais.

Tal como aconteceu ontem, a força das chamas levou tudo à frente e começou a subir e a ameaçar casas: a estrada que liga a Malveira à praia do Guincho ardeu toda e o manto negro chegou à Quinta da Marinha. No centro de hipismo da Charneca, os cavalos tiveram de ser retirados, tal como aconteceu há 18 anos. O parque de campismo teve de ser evacuado – ontem, também 300 pessoas tiveram de abandonar este espaço. A zona da Areia voltou a ficar debaixo de uma chuva de fagulhas, como tinha acontecido anos antes.

Chamas matam 25 militares

Mas o pior aconteceu há 52 anos. Também era dia 6, mas o mês era setembro e o ano 1966. Um incêndio que deflagrou na Quinta da Penha Longa, em Sintra, rapidamente tornou-se no pior fogo de sempre na Serra. As altas temperaturas e os ventos fortes e cruzados ajudaram a fazer com que as chamas tomassem proporções inexplicáveis e, em poucos minutos, o mato denso se transformasse numa fogueira fora de controlo.

As chamas alastraram à Quinta de Vale Flor, Lagoa Azul e Capuchos. Vários monumentos como o Palácio de Seteais, Palácio de Monserrate e Parque da Pena estiveram em risco. O vento levava as fagulhas e fez com que surgissem vários focos de incêndios: Albarraque, Cacém, Colares, Gouveia, Magoito, Mucifal, Pinhal da Nazaré, Praia Grande e Praia das Maçãs foram as zonas afetadas, o que obrigou a separar grupos de bombeiros por vários pontos do concelho de Sintra.

O incêndio de grandes proporções acabou por ser dominado, mas com um final trágico: 25 militares morreram na serra, a tentar travar as chamas que ameaçavam as populações.

52 anos depois

Ontem, pelas 22h50, deflagrou o incêndio na Peninha. O fogo alastrou-se rapidamente para o concelho de Cascais, descendo até à praia do Guincho, passando a estrada para a zona da Areia e chegando à Charneca.

Quarenta e sete pessoas foram retiradas de quatro aldeias. Um anexo de uma habiação da zona da Biscaia ardeu ontem à noite e uma viatura ficou destruída. O parque de campismo da Areia também teve de ser evacuado – 300 pessoas tiveram de deixar este espaço. O vento forte tem dificultado os trabalhos.

Segundo o último balanço da Proteção Civil, 18 pessoas ficaram feridas no combate às chamas: um ferido leve civil, nove operacionais assistidos no terreno e oito levados para o hospital com lesões oculares e ferimentos nas pernas.

De acordo com o site da Proteção Civil, no terreno estiveram cerca de 800 operacionais, acompanhados por mais de 200 meios terrestres e sete aéreos. O fogo foi dominado no final da manhã de domingo.

As autoridades informaram que a PJ também tomou conta desta situação: A informação foi confirmada por Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais, que explicou que a PJ já está no local. Recorde-se que Basílio Horta, presidente da Câmara Municipal de Sintra, disse ontem que o fogo começou a uma hora “estranha”. No entanto, nenhum dos autarcas quis avançar com possíveis explicações para a origem do incêndio.