Lula vai falhar o voto nas eleições

O pedido do ex-Presidente do Brasil para poder votar na prisão foi recusado.

Lula vai falhar o voto  nas eleições
O ex-Presidente Lula da Silva, preso desde abril, não vai poder votar nas eleições presidenciais a decorrer este domingo.
 
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, o recurso apresentado por Lula foi recusado pela Justiça brasileira, por considerar que é impossível instalar urnas na sede da Polícia Federal na cidade de Curitiba. Para ser possível, seria necessário um mínimo de 20 eleitores na prisão. O juiz Jean Leeck reconheceu o direito de voto, tendo em conta que esse direito só é suprimido quando a pessoa suspensa tiver esgotado todos os recursos, o que não acontece neste caso. No entanto, existe o problema técnico da falta de eleitores e, por isso, o fundador do Partido dos Trabalhadores não vai exercer o seu direito de voto. Esta decisão surgiu depois de o jornal A Folha de S. Paulo ter visto negado o pedido para entrevistar Lula, uma decisão justificada pelo facto de o plenário ainda estar a apreciar o caso. 
 
Lula da Silva foi condenado a 12 anos e um mês de prisão pela prática de crimes de branqueamento de capitais e corrupção passiva, num processo que inclui a estatal petrolífera Petrobras e que parece assombrar a campanha do Partido dos Trabalhadores a poucos dias das eleições. Na passada segunda-feira, Sergio Moro, juiz da operação Lava-Jato, decidiu divulgar o conteúdo da delação de Antonio Palocci, antigo aliado de Lula, sobre o esquema corrupto da Petrobras. O depoimento de Palocci incrimina directamente o ex-Presidente brasileiro e descreve uma reunião realizada no ano de 2010, onde estiveram Dilma Rousseff, Lula da Silva e José Sérgio Gabrielli, o então presidente da Petrobras, que hoje coordena a campanha de Fernando Haddad, o sucessor de Lula. O ex-Presidente do Brasil, solicitou nessa reunião a construção de 40 sondas de exploração das reservas de petróleo, com o objetivo de «garantir o futuro político do país e do Partido dos Trabalhadores».
 
Palocci disse ainda que 3% dos contratos de publicidade da Petrobras iam parar aos cofres do PT, além de que os custos de duas das campanhas de Dilma para a presidência tiveram custos muito acima daqueles que foram declarados junto do Tribunal Superior Eleitoral. 
 
Sobre a divulgação das declarações de Palocci feitas em abril à Polícia Federal, o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, acusou Sergio Moro de tentar destruir o ex-Presidente e o seu partido. «A conduta adotada pelo Juiz Sergio Moro apenas reforça o carácter político dos processos e da condenação injusta imposta ao ex-Presidente Lula», disse Zanin. Também a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, saiu a atacar Moro e escreveu no Twitter que o juiz «não podia deixar de participar no processo eleitoral. A acção política é da sua natureza como juiz».