Notas novas. Mesmo design, segurança diferente

Antes da chegada das novas notas marcada para maio do próximo ano, o SOL foi conhecê-las e fez também uma visita à empresa portuguesa, Valora, onde são produzidas diariamente milhares de notas.

Mais pequenas e com novos elementos de segurança, são assim as novas notas de 100 e 200 euros que entram em circulação já a 28 de maio do próximo ano. 

A fábrica de notas, Valora, subsidiária do Banco de Portugal (BdP) situada no Complexo do Carregado foi o palco escolhido para a apresentação do novo design das notas.

«A introdução faseada da série Europa permitiu a incorporação gradual de novos elementos de segurança», começou por explicar Hélder Rosalino, administrador do BdP. 

Estas são então as últimas da segunda série de notas – Série Europa –, que começou em maio de 2013 com o lançamento da nota de cinco euros, seguindo-se a atualização da nota de 10€ em 2014, 20€ em 2015 e 50€ em 2017. 

Já a nota de 500€ não será atualizada e continuará em circulação a da primeira série.

As duas novas notas permitem agora um mais fácil manuseamento por parte dos utilizadores uma vez que terão menos cinco milímetros em altura comparativamente com aquelas que já conhecemos, ficando assim com o mesmo tamanho das notas de 50€. 

Isto acontece porque em alguns países da Europa, segundo o diretor do BdP, «estas notam andam muito nas carteiras das pessoas e são retiradas em ATM», o que leva a que se dobrem e se estraguem.

Além das dimensões, a principal «preocupação do Banco Central Europeu [é a de] torná-las resistentes e resilientes à contrafação», disse Hélder Rosalino.

Para isso, as novas notas apresentam «duas inovações na segurança no holograma satélite e no número esmeralda», explicou Hélder Rosalino. 

O holograma satélite situa-se na parte superior direita da banda lateral prateada e é aqui que se podem encontrar vários símbolos do euro (€) em torno dos algarismos que compõe o valor da nota. Estes símbolos tornam-se mais nítidos quando expostos à luz direta. 

Já o número esmeralda, que se situa na mesma face do holograma, é o valor da nota que, no interior, apresenta igualmente vários sinais de euro.

Até começarem a circular serão fabricadas cerca de 2.300 milhões de 100€ e 750 milhões de notas de 200€. 
Apesar das alterações, as notas mantêm a cor e a decoração com diversos estilos arquitetónicos europeus, à semelhança do que acontecia nas da primeira série.

O verde e o design das notas de 100 euros representam o estilo barroco e rococó enquanto as de 200 euros, em tons de amarelo-torrado, fazem alusão ao ferro e ao vidro, do séc. XIX.

As novas e as antigas notas irão estar em circulação ao mesmo tempo, uma vez que a substituição irá ser feita gradualmente, sem ser necessária qualquer troca e sem prejuízo de valor para os utilizadores – «continuam a ser utilizadas para pagamentos e reservas de valor» –, mesmo que fiquem guardadas muito tempo. 

«Ninguém está mandatado para trocar as notas sem ser o Banco de Portugal», alertou Hélder Rosalino. «O processo de substituição vai ser gradual. Quando [as antigas] chegarem ao Banco de Portugal já não serão restituídas». 
Assim, segundo o administrador do BdP, serão evitadas eventuais tentativas de burla que acontecem «com alguma frequência quando se alteram notas em circulação».

Quanto ao crime de falsificação, Hélder Rosalino também deixou o aviso: «Não há nenhum elemento de segurança que não possa ser contrafeito», embora estas novas notas tenham cerca de 20 elementos de segurança e sejam mais difíceis de imitar do que outras divisas.

«O euro [é] uma divisa que está pouco exposta à contrafação, comparativamente a outras divisas do mundo», afirmou Pedro Marques, diretor do Departamento de Estabilidade Financeira do BdP.

Em Portugal, durante os primeiros seis meses do ano, foram detetadas cerca de 11 mil contrafações. No entanto, Pedro Marques afirma que o número de pessoas que já teve contacto com notas falsas «é baixíssimo».

A nota de 20 euros parece ser a mais apetecível para este tipo de crime, e é uma das mais utilizadas em Portugal como meio de pagamento, a par com a de cinco e 10, ao contrário do que acontece com as de 100 e 200 que são utilizadas como reserva de valor. 

Valora: uma fábrica portuguesa 

Se olhar para uma qualquer nota que tenha na carteira vai poder ver que possui um número no canto superior direito, o número de série, que começa por uma letra. Pois bem, se esse número começar com um ‘M’ é sinal que foi produzida em Portugal.

A Valora, reconhecida no Eurosistema pela elevada qualidade das notas que produz e pelas boas condições de segurança, é a empresa impressora a funcionar nas instalações do Banco de Portugal, no complexo do Carregado.
É nesta fábrica, que funciona sob rigorosas medidas impostas pelo Banco Central Europeu, que são produzidas notas de valor facial mais baixo: cinco, 10 e 20 euros.

Embora pareça apenas uma folha de papel, a produção de uma nota é complexa e há diversos procedimentos de segurança e apertados controlos de qualidade.

Numa primeira fase, a folha onde serão impressas as notas não passa de uma folha de ‘papel’ – específico para o efeito – em branco. 

Ao longo de todo o percurso, que demora aproximadamente um mês, este papel passa por quatro processos de impressão até se apresentar com a textura e forma semelhante ao da nota real.

A primeira é a impressão offset, segue-se a impressão serigráfica, impressão talhe doce e, por fim, a numeração e verniz. 

No final deste processo, a inicial folha branca apresenta-se como um conjunto de notas que seguem assim para o corte e posterior controlo de qualidade. 

Aqui são testadas todas as condições pelas quais as notas podem passar ao longo da sua vida na mão dos cidadãos, para avaliar a qualidade e resistência. De seguida são embaladas e transportadas. 

O custo unitário de produção das notas varia entre os cinco e os 10 cêntimos consoante o tamanho. A produção diária da fábrica é de 1,5 milhões de notas de euros. 

Até ao final deste ano, a empresa espera produzir 250 milhões de notas, das quais 190 milhões de cinco euros e 10 euros. As restantes são notas não-euro para importação. 

Em conferência de imprensa para apresentação das novas notas, Eugénio Gaspar, administrador executivo da empresa, afirmou que são cerca de 20 os elementos de segurança presentes nas notas.