Espanha. Ultimato a Lopetegui: se não ganhar os próximos três jogos… já era

O Real Madrid atravessa um dos períodos mais negros da sua história em termos de golos e resultados e a direção merengue já terá mesmo estabelecido um prazo final para o ex-treinador do FC Porto: um desaire em Camp Nou – ou até antes disso – será a gota de água

Durou pouco – mesmo muito pouco – o estado de graça de Julen Lopetegui no Real Madrid. O treinador que ainda há dois meses era elogiado pela imprensa madrilena pelo pulso firme que demonstrava nos primeiros dias como técnico dos merengues é o mesmo a quem apontam já à porta de saída, depois de uma série negra de resultados: quatro jogos sem ganhar – um empate a zeros em casa no clássico com o Atlético de Madrid, com quem já tinha perdido a Supertaça europeia, logo no primeiro jogo oficial da época (2-4 após prolongamento) e três derrotas (3-0 em Sevilha e 1-0 em Moscovo, com o CSKA, e agora no terreno do Alavés). São também quatro jogos seguidos sem marcar, numa sequência que só encontra paraleo em 1982 e 1985.

Em apenas dois meses, Lopetegui já sofreu mais derrotas em jogos oficiais do que Rafa Benítez, que em janeiro de 2016, após o terceiro desaire na época (em 25 jogos), foi demitido e deu lugar a Zinedine Zidane. Sessenta e oito por cento de aproveitamento, contra os 45 do antigo treinador do FC Porto: quatro derrotas em 11 jogos, na pior sequência desde maio de 1994.

 

Conte lidera a corrida Ontem, o jornal “AS”, afeto ao clube merengue, dava até uma data limite para Lopetegui no Real. De acordo com aquela publicação, o técnico tem tolerância da direção madrilena até ao clássico com o Barcelona, no Camp Nou, agendado para o dia 28 deste mês. Isto, se não escorregar em nenhum dos dois encontros que realizará até lá, ambos no Santiago Bernabéu: primeiro com o Levante, no dia 20, para o campeonato, e três dias depois frente aos checos do Plzen, para a Liga dos Campeões.

Segue-se, então, o superclássico, com um desaire visto como imperdoável para a direção liderada por Florentino Pérez – que terá mesmo descido ao balneário após o desaire com o Alavés para manifestar o seu desagrado perante os jogadores. A posição de Lopetegui, refira-se, só não está ainda mais fragilizada porque o Barcelona também tem vindo a colecionar insucessos no campeonato (não ganha igualmente há quatro jornadas, somando três empates e uma derrota), estando neste momento apenas um ponto à frente do Real – na frente, com um ponto de vantagem sobre os blaugrana e dois sobre os merengues, segue o surpreendente Sevilha, de Daniel Carriço e André Silva.

Lopetegui tem agora de aproveitar esta paragem para as seleções para realizar os ajustes necessários à melhoria global do panorama blanco. Questionado, logo após o desaire com o Alavés, sobre o facto de o seu lugar poder estar em perigo, o treinador de 52 anos foi taxativo. “Um treinador vive essa situação com naturalidade, mas não pensa nisso. Deste mau percurso, resulta que estamos a três pontos da liderança da Liga. Temos tempo para tudo. Mas é claro que temos de recuperar jogadores muito importantes. A tranquilidade vem com os golos”, frisou, aludindo às quase sete horas de jejum à frente da baliza adversária e às lesões de Bale e Benzema – o francês está mesmo em dúvida para o Camp Nou.

Na mesma ocasião, Varane e Sergio Ramos elogiaram o técnico, com o capitão do Real a desvalorizar a saída de Cristiano Ronaldo. “É um momento complicado, mas podemos dar a volta. Ainda temos muitos jogos e temos qualidade para melhorar. Os jogadores continuam a ter o mesmo talento, mas faltam-nos resultados e confiança. Estamos encantados com Lopetegui. Estamos a trabalhar e vamos manter um pensamento positivo”, realçou o francês. “São outras pessoas que assumem essas decisões, mas nunca é bom haver mudança de treinador. Seria uma loucura. Cristiano? Com ele também tivemos crises de golo. O golo vai voltar”, salientou o espanhol.

Certo é que a imprensa espanhola já vai inclusive lançando nomes para a sucessão de Lopetegui. Com Antonio Conte à cabeça: o italiano, sem clube desde que saiu do Chelsea no fim da última temporada, chegou a ser hipótese no verão e parece ser o preferido da estrutura merengue. Outras soluções, porventura bem mais económicas, passam por Santiago Solari, antigo jogador e atual treinador do Castilla (equipa B do Real), ou o seu ex-colega Guti, também ele um nome histórico dos merengues e que no verão chegou a ser apontado também como possível sucessor de Zidane. Curiosamente, logo a seguir à derrota com o Alavés o ex-médio pediu “paciência e calma” para com Lopetegui, que considerou “um grande treinador”.