Tigre da Bielorrússia ruge no circuito WTA

O que têm em comum Caroline Wozniacki, Simona Halep e Angelique Kerber? Ganharam torneios do Grand Slam em 2018, respetivamente no Open da Austrália, Roland Garros e Wimbledon, e baseiam o seu jogo numa elevada consistência, boa movimentação, forte capacidade de contra-ataque e arte em fazerem as adversárias jogarem pior. Esta tendência era estranha por…

O que têm em comum Caroline Wozniacki, Simona Halep e Angelique Kerber? Ganharam torneios do Grand Slam em 2018, respetivamente no Open da Austrália, Roland Garros e Wimbledon, e baseiam o seu jogo numa elevada consistência, boa movimentação, forte capacidade de contra-ataque e arte em fazerem as adversárias jogarem pior.

Esta tendência era estranha por contrariar o que se vira em 2017, com os Majors a serem conquistados por jogadoras de potência, com vontade de fazerem o resultado depender delas próprias: Serena Williams no Open da Austrália, Jelena Ostapenko em Roland Garros, Garbiñe Muguruza em Wimbledon e Sloane Stephens no Open dos Estados Unidos.

Stephens é um pouco diferente, pois alia a potência a uma grande regularidade quando está para aí virada.

É também nesse sentido que tem evoluído Naomi Osaka, a campeã do US Open. Quando a japonesa triunfou em março em Indian Wells ainda recorria a uma potência crua, mas em Nova Iorque mostrou-se mais refinada, com maior variação e uma estonteante e aparente paz interior.

Ter chegado à final de Tóquio logo depois do US Open só mostra que está a gerir bem as emoções. A antiga ‘pupila’ de António van Grichen tem estofo de campeã.

Há, no entanto, outra jogadora de 20 anos a fazer o mesmo trajeto de transformar-se de uma mera ‘bate-bolas-o-mais-forte-que-puder’ para uma executante mais inteligente e paciente, sem perder a característica essencial de ser superagressiva. E até está a aprender a subir à rede.

Aryna Sabalenka acabou de conquistar o segundo título da sua carreira em Wuhan, na China, um Premier-5, um dos torneios WTA mais importantes. O seu primeiro título fora averbado em agosto, em New Haven.

Em 12 meses entrou pela primeira vez no top-100, esta semana ascendeu ao 16.º lugar do ranking mundial e tem hipóteses de ir ao Masters em Singapura.

Em 2017 ajudou a Bielorrússia a chegar à final da Fed Cup e foi finalista em Tianjin (perdeu com Sharapova). Voltou a ceder finais este ano em Lugano (com Mertens) e Eastbourne (Wozniacki), mas aprendeu e venceu as duas últimas finais.

Há muito mais para dizer desta atleta de 1,82 metros que já derrotou Wozniacki, Muguruza, Plisková, Kvitová, Stephens e Svitolina. Para já, limito-me a aconselhar: vejam-na jogar. O seu treinador, Dmitry Tursunov, ex-top 20 ATP, garante que pode «revolucionar o ténis como fizeram Serena [Williams], Monica [Seles] e Steffi [Graf]».

Aryna tem uma tatuagem de um tigre no braço esquerdo (’nasci no ano no tigre’, explica) e joga com uma atitude de ‘eye of the tiger’.