A histeria

Organizaram-se manifestações patéticas em algumas cidades, em solidariedade com as que proliferaram um pouco por todo o Brasil

As eleições presidenciais no Brasil provocaram, aqui no burgo, uma onda de histeria entre os arautos do regime, assolados por um pânico irracional perante a eventual vitória de Jair Bolsonaro, como se estivéssemos no advento de um apocalipse.

A tudo se recorreu para denegrir a honra e o carácter do candidato, acusando-o de todos os impropérios que têm sido apanágio nos ataques a quem não se deixa iludir pela cultura do politicamente correcto, como as habituais referências, entre outras, ao racismo, xenofobia, chauvinismo, homofobia e machismo.

Chegou-se ao cúmulo de um grupo de sócias desse famigerado cubículo a que chamam a casa da democracia, numa grosseira ingerência nos assuntos internos de um Estado estrangeiro, deixarem-se fotografar com cartazes apelativos a que não se votasse no político que catalogaram como sendo de extrema-direita.

Organizaram-se manifestações patéticas em algumas cidades, em solidariedade com as que proliferaram um pouco por todo o Brasil, gritando-se “EleNão”, e cujos resultados visíveis tiveram exactamente o efeito contrário, com o surgimento de uma cadeia humana avassaladora de “EleSim”, que culminou com a vitória eleitoral de domingo.

A comunicação social do regime perdeu toda a vergonha ao enveredar por um caminho de parcialidade, borrifando-se para a objectividade que deve caracterizar o jornalismo, alinhando descaradamente na campanha anti-Bolsonaro e acusando-o até à exaustão de ser adepto de uma ditadura militar.

Os correspondentes que viajaram até ao Brasil, com excepção da que foi enviada pela TVI e que se esforçou por ser isenta, limitaram-se praticamente a entrevistar opositores de Bolsonaro e não se cansaram de vaticinar os mais dantescos cenários caso se confirmasse a ascensão daquele à presidência.

No dia imediato às eleições um tal de Sousa Tavares, cujo amor doentio e obsessivo pelo Futebol Clube do Porto é apenas superado pelo amor a si próprio, e aproveitando-se do tempo de antena que lhe foi concedido por um canal televisivo para promover o seu ego, deu como terminada a democracia no Brasil e, qual astrólogo, previu a rápida tomada de poder pelos militares.

O próprio Marcelo, cada vez mais apostado em destruir a reduzida credibilidade que ainda lhe resta, não se conteve em vestir de novo a fatiota de comentador e falar sobre o resultado das eleições, concluindo que se está perante más notícias.

O presidente português, que resolveu aderir também aos paranóicos chavões do racismo, xenofobia e chauvinismo, ofendeu o seu mais que provável homólogo de um país parceiro da CPLP e desrespeitou toda uma comunidade brasileira que aqui reside e que, maioritariamente, votou em Bolsonaro.

E é a razão desse voto que os controladores do regime teimam em não entender. A corrupção, ainda mais do que em Portugal, está enraizada no país irmão, sendo transversal a todos os partidos que têm exercido o monopólio da governação ao longo destas três décadas após a transição para a democracia, fatalidade que conduziu ao completo descrédito dos brasileiros na sua classe política.

Uma corrupção que se intensificou substancialmente desde que Lula da Silva e o seu partido dos trabalhadores tomaram conta dos destinos do país.

Prometeram, então, retirar os brasileiros da pobreza, mas apenas o fizeram em relação aos seus, a começar pelo próprio Lula, na altura um pobre metalúrgico e agora dono de uma colossal fortuna, milagre que se estendeu ao seu filho, que não tinha onde cair morto quando o pai chegou à presidência e agora, sem que tenha trabalhado para o efeito, é um dos homens mais ricos do Brasil.

As medidas populistas ensaiadas para fidelizar quem neles votaram resultaram numa crise económica sem precedentes, transformando uma das economias mais fortes da América Latina numa sombra do que foi o Brasil, reinando agora a recessão, o desemprego e a inflação galopante.

Como se não bastasse, a criminalidade violenta estendeu-se a quase todo o país, inclusive às regiões que eram conhecidas pela pacatez e acalmia social que atraíam milhares de turistas, que agora optaram por outros destinos em que a segurança é uma realidade, privando os brasileiros das imprescindíveis divisas que lá deixavam.

Não admira, pois, atendendo ao chiqueiro a que os políticos tradicionais condenaram o Brasil, que os seus naturais queiram de lá fugir e procurar melhores condições de vida noutras paragens mais atractivas, até em Portugal.

E também não é de estranhar que aqueles que fazem questão de continuar a viver nas terras que os viram nascer optem, em desespero de causa, por conceder o seu voto a quem acreditam que vai pôr cobro a este estado de coisas.

Bolsonaro será o próximo Presidente do Brasil, se nenhum furacão vier, entretanto, a baralhar as contas do escrutínio que ocorrerá no final deste mês, constituindo-se como a derradeira esperança para os brasileiros de bem que somente querem recuperar tudo quanto o socialismo lhes roubou em quase duas décadas de utopia e ilusão.

Quanto aos fracos políticos cá da praça, mais os jornaleiros que os levam ao colo, bem podem ficar descansados perante uma eventual vitória de Bolsonaro.

Trump também ía começar por abandalhar os Estados Unidos e, posteriormente, desencadear uma guerra à escala mundial a qual, fatalmente, levaria à destruição do planeta.

Afinal, quando ainda nem vai a meio do seu mandato, o país apresenta a mais baixa taxa de desemprego dos últimos 40 anos e um crescimento económico de fazer inveja aos mais bem sucedidos dos povos europeus.

E no que respeita à inevitável guerra, Trump, graças à sua intransigência, conseguiu aquilo que nenhum dos antecessores teve arcaboiço para alcançar: pacificar a península da Coreia, domando aquele que era, sem dúvida, uma das maiores ameaças à paz mundial.

 

Pedro Ochôa