Abrandamento é um risco real

Conclusões do FMI juntam-se à análise da OCDE e apontam para um recuo na economia.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa a estimativa de crescimento da economia portuguesa para o próximo ano. O que está previsto é que cresça, mas devagar e de forma ligeiramente mais desequilibrada. Já em relação ao crescimento do PIB, a instituição liderada por  Christine Lagarde avança com uma revisão para este ano igualmente desfavorável. As expectativas apontam agora para 2,3%, um valor inferior aos 2,4% estimados em abril.

Em relação ao próximo ano também não se pode falar em perspetivas animadoras. O FMI fala num avanço do PIB de 1,8%, um valor mais baixo do que o tem vindo a ser apontado pelo Executivo de António Costa. 

No entanto, é preciso ter em conta que os dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), divulgados esta semana, já tinham vindo mostrar que Portugal continua a crescer, mas sem margem para grandes entusiasmos. A análise mostra que a economia nacional continua a dar sinais de aceleração do crescimento. De acordo com o documento de antevisão das principais alterações na atividade económica num prazo de seis a nove meses,  em agosto, o cenário voltou a melhorar, depois de vários meses de queda. 

Na verdade, pode dizer-se que o índice compósito calculado pela OCDE se situou em 99,68 pontos em agosto, naquele que representa o terceiro mês seguido de recuperação. Em maio, este índice para Portugal tinha atingido o nível mais baixo desde setembro de 2013, altura em que a economia portuguesa estava em recessão. Agora, a subida do mês de agosto mostram que a trajetória voltou a ser ascendente. Ainda assim, importa referir que o indicador continua a ficar abaixo dos 100 pontos, o limiar entre a aceleração e a desaceleração da economia. 

Importa ainda recordar que a economia portuguesa passou por uma fase de abrandamento que começou a ser motivo para preocupação. Em maio, a OCDE destacava esta trajetória descendente no ritmo de crescimento e evidenciava que tinha atingido um pico mais forte. O índice compósito situou-se em 99,30 pontos no mês em questão. Até porque o resultado do mês de maio veio traduzir-se no nono mês consecutivo de queda na economia portuguesa. Desde que Portugal começou a perder terreno, destacou-se uma descida em termos homólogos: 1,44%.

Vários economistas garantiram ao SOL que, com as eleições à porta, se espera que o Orçamento do Estado sem grandes surpresas que aposte num aumento da receita, através de impostos indiretos, e ainda um especial foco no défice. Até porque, para vários especialistas, é importante «agradar a Bruxelas».