Novos trunfos ganham lugar no baralho do engenheiro

Em Glasgow, Fernando Santos mudou dez jogadores em realção ao encontro com a Polónia e venceu a Escócia sem espinhas (3-1)

Os mais recentes jogos da selecção nacional parecem querem demonstrar de forma cabal que não só existe futuro para lá de Cristiano Ronaldo como também existe um número muito satisfatório de jogadores com capacidade para lutarem pelas convocatórias e até por um lugar na equipa principal de Portugal. Depois da vitória segura na Polónia, com um resultado bem menos esclarecedor do que a exibição (3-2), Fernando Santos resolveu dar, em Glasgow, oportunidade a uma série de segundas figuras como Bruma, Hélder Costa, Kevin Rodrigues, Sérgio Oliveira e Neto, misturando-as com os reaparecidos Danilo, Cédric e Éder, o herói da final de Saint-Denis, no Campeonato da Europa do nosso contentamento, em 2016.

A despeito das fragilidades confrangedoras da Escócia, tão tão longe de outras equipas que possuíam elementos de inequívoca classe, Portugal soube ser superior, solidário e, sobretudo, suficientemente corajoso para nunca ter ficado em dúvida esta sua segunda vitória em terreno alheio no curto espaço de quatro dias.

Hélder Costa fez o primeiro golo aos 44 minutos e permitiu que a selecção nacional fosse para o intervalo em vantagem mais do que justificada. No segundo tempo, Éder fez o dois a zero de cabeça (44’), num lance com algo de retemperador para o avançado que não esteve presente no Mundial da Rússia, e Bruma aumentou a contagem na conclusão de um excelente movimento individual (84’). O golo escocês (90+3’) surgiu ao cair do pano, por Naismith, numa altura em que já Claudio Ramos tinha ido para a baliza até aí guardada por Beto.

Dos titulares qque entraram em campo em Chorzow, apenas o central benfiquista Ruben Dias repetiu a titularidade. O que não impediu que o trabalho de reconstrução continuasse a ser feito, passo a passo, mas com a sensação dada para o exterior de que é este, de facto, o caminho a seguir pelo seleccionador nacional. Que se mostrou satisfeito no final do encontro de Hampden Park: “No início do jogo, devido a uma certa ansiedade pelo facto de sermos um conjunto menos rodado, deixámo-nos arrastar pelo jogo da Escócia, caindo nas bolas em profundidade, nas disputas no espaço aéreo e muita corrida. A partir daí ajustámos a equipa, encostámos melhor no adversário e tomámos conta do jogo. Não foi um futebol envolvente, mas foi seguro e consistente. A equipa libertou-se e na segunda parte os golos surgiram naturalmente. Foi um bom jogo dentro daquilo que era expectável. Os jogadores mostraram grande disponibilidade”.

Alemanha no buraco

Dos jogos do fim-de-semana, há a destacar o Holanda-Alemanha no qual os holandeses, agora comandados por Ronald Koeman, quase esqueceram as frustrações de não terem conseguido classificar-se para o Euro-2016 e Mundial-2018. A vitória clara sobre os alemães (3-0) fica para a história como a mais volumosa da Laranja sobre os germânicos e afunda os ex-campeões do mundo num buraco que parece não ter fim depois do desastre que viveram na Rússia, no Verão passado.

Com algumas queixas da arbitragem do turco Çakir, a Alemanha cumpriu o seu terceiro jogo oficial sem marcar golos – Coreia do Sul, 0-2; França, 0-0 e Holanda, 0-3 – e corre o risco de cair para a Divisão B desta Liga das Nações. Joachim Low não escondeu a tristeza que lhe ia na alma e a imprensa do país voltou a sová-lo fortemente com críticas duríssimas, acentuando que o seleccionador alemão está a desperdiçar o talento dos jogadores que tem à disposição. Momentos difíceis e muito pouco vulgares na equipa da Alemanha.