Leslie. O rasto de destruição provocado pela tempestade

Esta foi a maior tempestade a afetar Portugal desde 1842. Chegou ao país no sábado pela Figueira da Foz, tendo atingido recordes máximos históricos de rajadas de vento

Carros destruídos pela queda de árvores de grande porte, esplanadas desfeitas, habitações com estragos consideráveis, telhados que voaram como se tivessem asas, produções agrícolas arrasadas, além da areia das praias que acabou nas estradas próximas, são as principais ocorrências registadas devido à passagem da tempestade Leslie, este fim de semana, em Portugal.

Mas vamos aos números conhecidos: 28 feridos, 61 pessoas desalojadas, centenas de milhares de pessoas sem eletricidade e mais de duas mil ocorrências registadas, segundo o balanço da Proteção Civil. 

Ontem, o INEM desmentiu o registo de vítimas mortais relacionadas com a passagem da tempestade por Portugal.

Bruno Borges, coordenador da Sala de Situação Nacional do INEM, revelou à Lusa que houve, de facto, duas mortes associadas ao mau tempo – uma em Pampilhosa da Serra e uma em Montemor-o-Velho -, mas que nada têm haver com a tempestade.

As duas pessoas, segundo o responsável, morreram de doença súbita “aparentemente em paragem cardiorrespiratória” e “sem sinais de trauma”.

“Até às 15h55 de hoje [domingo], o INEM não registou nenhuma vítima mortal”, sublinhou.

De acordo com o comandante Rui Laranjeira, da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), os 28 feridos ligeiros referenciados no país foram encaminhados para unidades de saúde para receberem assistência médica. Outras três pessoas tiveram de ser assistidas no local da ocorrência, mas não precisaram de ser transportadas para unidades de saúde.

Do total de desalojados, 57 registaram-se no distrito de Coimbra, um em Leiria e três em Viseu.

Coimbra foi o distrito mais afetado – seguindo-se Leira, Aveiro, Viseu, Lisboa e Porto – pela tempestade, e Soure, depois de 90% das habitações terem sofrido danos, decidiu decretar calamidade pública.

Em visita a Montemor-o-Velho, Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, disse ontem que a resposta dada durante a tempestade correu “de uma forma muito satisfatória”, frisando que houve “um grande empenho de todas as entidades da Proteção Civil”.

Cabrita expressou a sua solidariedade “para com as pessoas diretamente afetadas” e com o trabalho desenvolvido pelas autarquias locais e pelos elementos da ANPC. Este trabalho “permitiu não só minimizar os danos, mas sobretudo” assegurar que, “poucas horas depois, se possa já estar a trabalhar na fase seguinte”, completou.

Durante a madrugada de ontem, cerca de 15 mil casas ficaram sem eletricidade. Segundo Fernanda Bonifácio, diretora de distribuição da EDP, as zonas mais afetadas foram Marinha Grande, Pombal e Leiria. Ontem à tarde, mais de 100 mil pessoas da zona de Coimbra e Louriçal, em Pombal, ainda estavam sem eletricidade.

Durante a passagem da tempestade Leslie estiveram no terreno 8217 operacionais da Proteção Civil, para responder às 2495 ocorrências – especialmente quedas de árvores e deslizamentos de terras.

A tempestade Leslie, que estava prevista chegar a Portugal através de Lisboa, desviou-se e entrou no país pela zona da Figueira da Foz – tendo sido neste concelho que se registaram recordes máximos históricos de rajadas de vento, a atingirem os 176 km/h – por volta das 22h10.

Os alertas vermelhos e amarelos mantém-se no país: Rui Laranjeira confirmou que os distritos de Coimbra, Leiria, Aveiro, Lisboa e Porto continuam em alerta vermelho. Faro está em alerta amarelo e o resto de Portugal continental em alerta laranja.

Esta foi a maior tempestade a afetar Portugal desde 1842, ano em que um furacão destruiu a Madeira antes de seguir para o sul de Espanha