Onde está todo o dinheiro do mundo? E quem o tem?

O número de milionários em Portugal tem vindo a aumentar de ano para ano, a um ritmo cada vez mais estonteante. 

De acordo com os últimos dados de um estudo elaborado pelo Credit Suisse, sobre a riqueza global, há agora 94 mil portugueses com direito a entrar nesta lista.

Segundo o Global Wealth Report, é este o número de pessoas de nacionalidade portuguesa a ter um património avaliado acima de um milhão de dólares, o que significa que o número não tem parado de aumentar nos últimos tempos. Pode mesmo dizer-se que, no último ano, houve mais 26 mil pessoas a conseguir arrecadar o suficiente para passar a fasquia do milhão. No entanto, o estudo em questão também salienta que apenas 1,1% dos adultos portugueses conseguiu chegar a este patamar.

Aliado a este aumento está a evolução positiva do nível riqueza a nível nacional. É possível dizer que a riqueza no país passou a estar avaliada em 1,111 mil milhões de dólares. No fundo, falamos de um valor que fica muito acima dos 750 mil milhões registados no último relatório e dos 701 mil milhões registados antes.

No entanto, a realidade portuguesa não é caso único. Aliás, este cenário acompanha a tendência global. Há cada vez mais milionários e estão cada vez mais ricos. De acordo com os dados dos 12 meses antes da publicação deste documento, “a riqueza global agregada cresceu em 14 biliões de dólares para 317 biliões, o que representa uma taxa de crescimento de aproximadamente 4,6%”.

Na base de todo este crescimento está, sobretudo, a valorização dos mercados financeiros durante estes meses.

Eles são cada vez mais e têm cada vez mais dinheiro

No início do ano, um outro estudo mostrava que esta trajetória ascendente parecia ter chegado para ficar. Numa altura em que muito se discutia assimetrias salariais e contrastes sociais, os números do Billionaire Census 2018, elaborado pela Wealth-X, mostravam, em maio, que nunca houve tantos multimilionários. São cada vez mais e com fortunas cada vez maiores.

No total falávamos de 2754 multimilionários que, em conjunto, detinham uma riqueza superior a 7,7 biliões de euros. Para se perceber melhor do que estamos a falar, basta sublinhar quantos zeros implica. Nos EUA, o bilião é um número com nove zeros à direita do 1. Mas aqui estamos a falar de um número com 12 zeros.

De acordo com o relatório, a população mais rica aumentou 15% no decorrer de 2017, ultrapassando o recorde que foi atingido em 2015: 2473 multimilionários. São maioritariamente homens e investem em setores como finanças, banca, tecnologia, indústria e imobiliário. Além disso, a maioria recebeu grandes fortunas da família. Os dados do Billionaire Census mostram que mais de 40% são ricos por herança. No entanto, o relatório também destaca que “a tendência dos últimos 20 anos tem sido de um aumento gradual da proporção de multimilionários self-made”. 

O aumento foi global, embora se destaquem algumas zonas. Na Ásia-Pacífico, por exemplo, a fortuna acelerou 29%, para mil milhões de euros. Ainda assim, a Europa continuava a ser o continente que reunia o maior número de multimilionários, com 29,8% dos mais ricos em todo o mundo. Seguia-se a Ásia, com 28,5%, e a América do Norte, com 26,4%. Na linha da frente dos países onde as fortunas mais têm aumentado estavam os EUA e a China. No primeiro caso era dado destaque a 680 multimilionários em 2017, com um total de 2,6 biliões de euros. Já a China contava com 338 multimilionários, com uma fortuna total de 908 mil milhões de euros. 

Já um outro relatório, publicado em novembro do ano passado, tinha mostrado esta tendência e evidenciava a situação em Portugal, onde o número de milionários também voltou a crescer. O Global Wealth Report 2017 mostrava que existiam 68 mil milionários no país. Em 2016 eram 61 mil. De acordo com o estudo, a estimativa era de crescimento, sendo de esperar haver, em 2022, aproximadamente 77 mil milionários em Portugal.

Há pouco tempo, a questão do aumento da riqueza em famílias específicas chamava a atenção num relatório da Oxfam, citado pelo Business Insider, que revelava que a elite que representa 1% da população tinha mais riqueza do que o resto da população mundial. 

O Business Insider mostrava ainda que na lista dos mais ricos do mundo estavam milionários de alguns dos países mais pobres. 

Já em relação à presença de mulheres na lista dos mais ricos do mundo pode dizer-se que também tem vindo a aumentar. No ano passado, as mulheres representavam já 11,65% deste grupo. Ainda assim, a “Forbes” mostrava este ano que no ranking dos multimilionários apenas existe espaço para 256 mulheres.