Mentes brilhantes…

Chamaram-lhes golden boys. Mas o tempo encarregou-se de pôr a nu a desvalia deste arremedo de yuppies

Deles se disse que eram brilhantes, iluminados, geniais… Tanto que até houve quem lhes chamasse golden boys. Os rapazes eram bem-apessoados e seguiam a regra ‘menina não entra’ – no seu entendimento, as girls eram ‘louras’ e não podiam ser admitidas no grupo. 

Depois de um circuito por escolas internacionais elitistas – onde costuma faltar em humildade o que sobra em vaidade – regressaram impantes de arrogância. Tão convencidos estavam da sua superioridade, que resvalaram para terrenos perigosos do desdém e do chiste venenoso, quando não da guerra aberta aos ‘estranhos’. Como crianças em idade adulta, fartaram-se de brincar, e de ridicularizar, revelando o défice de caráter que os mais atentos já identificavam. Então, quando se aliaram a Berardo e à Sonangol para derrubar a administração do BCP, foi um fartote de imitações, alcunhas e anedotas. Estavam bem uns para os outros…

Quando chegaram aos quarenta, sentiram que era chegada a hora da sua grande realização: reuniram-se no Beato e comunicaram ao país que estavam ali para salvar a Pátria e para exigirem os lugares ocupados pela ‘brigada grisalha’ – os que já tinham passado os sessenta.  

O tempo encarregou-se de pôr a nu a verdadeira face de cada um, de tal forma que se confirmou a desvalia deste arremedo de yuppies, animadores da intriga política e empresarial por vinte longos anos, tantos quantos os que levaram os golden boys à condição de sexagenários. 

Na lógica da antiga pregação, seria a hora de deixarem o palco – mas, entretanto, alguns já se tinham evaporado na turbulência de falências que levaram casas, aviões, iates e… motas de água. Saíram de cena sem honra e sem feitos que justifiquem uma só linha na história empresarial do país, a não ser para registo da destruição provocada em tudo quanto se meteram, designadamente em algumas das maiores empresas nacionais, onde reduziram a pó o que fora construído por outros. 

A fama é efémera por natureza, para mais quando o protagonismo se resume a episódios de vedetismo parolo. Nem seria de esperar mais de um pequeno mundo que não excedia o núcleo de familiares e o séquito de aduladores que se contentavam com as migalhas que caíam de mesas, nas quais o máximo de conhecimento que era possível reunir se esgotava no jargão do inglês técnico, típico dos ignorantes. 

A irresponsabilidade juvenil tem sempre uma fatura que costuma chegar com os cabelos brancos, altura em que se prova o veneno que se deu a beber aos outros. Como diz o adágio, ‘quem com ferros mata, com ferros morre’. 

Relatos dos jornais vão dando conta do falhanço dos projetos em que se envolveram e do desmoronamento das empresas que receberam de pais e tios, deixando a descoberto a ridícula dimensão de quem, um dia, se propôs salvar a Pátria. O que resta dos ‘talentos’ são os fundilhos rotos! De um dos notáveis do grupo dizem agora as más-línguas: «Abraçou uma promissora carreira de vendedor de gelados». Coisas de gente desrespeitosa…