União Zoófila aponta o dedo a hipermercados e pede ajuda

Cerca de 700 gatos e cães podem ficar sem comida daqui a três dias

A União Zoófila está a passa momentos difíceis, sem saber se, daqui a uns dias, conseguirá ter ração para cerca de 700 gatos e cães. A associação aponta o dedo às grandes superfícies, que têm vindo a travar as campanhas de angariação de bens.

De acordo com o comunicado, os gastos da União Zoófila são elevados: são necessárias “cerca de uma tonelada de ração por semana. Junte-se-lhe a necessidade diária de sacos de areão para os wc dos gatos, dezenas de latas de paté para os cães e os gatos, muito especialmente os mais idosos e doentes, aos quais é administrada medicação envolta em comida húmida. Junte-se-lhe as embalagens de detergente usado para lavar as mantas que aquecem cães e gatos à noite ou para desinfetar áreas como as das enfermarias dos cães e dos gatos”.

 Para que conseguir dar resposta a todos os animais abandonados, a União Zoófila organizou diversas campanhas de angariação de bens e  foram feitos vários pedidos foram feitos às grandes superfícies para realizar estas iniciativas naqueles espaços. Contudo, estas recusaram receber a associação.

"Foi em 2016. O Continente desmarcou, de uma assentada, todas as ações planeadas para esse ano. Nenhuma das quatro campanhas previstas foi realizada", revelou a direção. Quando "questionados os responsáveis com os quais até então havíamos lidado sobre o motivo de tal, para a União Zoófila, hecatombe, responderam-nos que havia ocorrido mudança de chefia no departamento e que, a partir daquela altura, a relação com as associações com animais a seu cargo também sofreria alterações, pelo que a relação com a União Zoófila ficaria suspensa", pode ler-se.

Só no ano passado, "depois de muita insistência", a União Zoófila conseguiu realizar uma campanha de angariação de bens nesse hipermercado.“Contudo, passou a limitar tal presença a duas ações por ano".

Para além do Continente, também o grupo Auchan limitou o número de presenças da União Zoófila, no início deste ano. "Questionados a propósito, responderam aqueles com quem há anos lidávamos que o planeamento passava a ser coordenado pela central e que, no máximo, a União Zoófila poderia organizar campanhas duas vezes por ano”, revela a organização. “Confrontados com o facto de assim, sem outra explicação, deixarem à míngua 700 animais abandonados, sugeriram os referidos responsáveis que a União Zoófila pedisse ajuda à Animalife, de maneira a evitar a total carência", acrescentam.

"Diante do fechamento da porta dos hipermercados Continente e Jumbo e do entendimento – não sabemos alicerçado em que argumentos, que parece ser o de quem os gere – de que a Animalife fornece a União Zoófila, contactou a Direção da União Zoófila a Direção da Animalife, averiguando da possibilidade de assim ser efetivamente", explica a associação no comunicado. A Animalife, porém, demonstrou "total incapacidade de responder às necessidades dos 700 animais que a União Zoófila protege".

A associação denuncia: "Em desespero, lançou a direção desta associação um repto às direções dos grupos Auchan e Sonae, pedindo que, até final do ano, abrissem uma porta, só uma, à União Zoófila. O silêncio foi, até agora, a resposta".

Agora, a União Zoófila apela às pessoas que ajudem com doações os animais que ali estão abrigados: "A direção da União Zoófila apela a todos os que, em Lisboa, e noutras zonas do país, apoiam o nosso trabalho, que contribuam para que os quase 700 cães e gatos abandonados acolhidos no abrigo de Sete Rios continuem, também a partir de segunda-feira, a comer todos os dias".