Jesualdo e 1.º de Agosto falham finais da Champions

Desilusão para o técnico português e o tricampeão angolano nas principais competições de Ásia e África

Foi por um triz, mas no fim reinou a lei dos mais fortes: o Al-Sadd, equipa do Catar orientada por Jesualdo Ferreira, e o 1.º de Agosto, tricampeão angolano, estiveram muito perto de conseguir o apuramento para as finais da Liga dos Campeões asiática e africana, mas acabaram por cair por um golo.

O filme dos dois jogos foi parecido. No Irão, depois de ter perdido em casa por 1-0, a equipa do antigo técnico de Benfica, FC Porto e Sporting, entre muitos outros, chegou a estar em vantagem no encontro, mercê de um golo do argelino Bounedjah aos 17 minutos. Com este tento, o Al-Sadd empatava a eliminatória e começava a alimentar com toda a legitimidade a possibilidade de chegar à primeira final da maior prova continental da Ásia desde 2011, quando a conquistou pela segunda vez (a primeira havia sido em 1989). O balde de água fria, porém, chegou logo ao início da segunda parte: Nemati repôs a igualdade na partida e o Persepolis na frente da eliminatória.

O Al-Sadd lutou até ao fim, contando com o contributo do central luso-cabo-verdiano (mas entretanto internacional pelo Catar) Pedro Correia, conhecido no futebol como Ró-Ró, e também com Xavi, que no Barcelona sentiu por quatro ocasiões o sabor de conquistar uma Liga dos Campeões e que, aos 38 anos, deverá dizer adeus aos relvados no fim desta temporada, depois de quatro anos a capitanear o conjunto catari. O forcing, todavia, não foi suficiente para marcar novo golo e evitar a queda inglória às portas da final, diante de um estádio ao rubro (95 mil espetadores) e de um adversário que já tinha encontrado na fase de grupos – aí, o Al-Sadd venceu em casa por 3-1 e perdeu por 1-0 no Irão.

@PerspolisFCIran fans are out in numbers for the #ACL2018 big semi-final!

Will they celebrate reaching a first #ACLFinal by the end of the night? pic.twitter.com/4kfOd1weDg

— AFC Champions League (@TheAFCCL) 23 de outubro de 2018

Um rude golpe para Jesualdo Ferreira, que em quatro anos ao comando do Al-Sadd venceu uma Taça do Catar e sonhava ainda com a conquista do campeonato e da Liga dos Campeões. Tal como Xavi, também o treinador português de 72 anos deverá estar a cumprir a última temporada no clube – ainda recentemente afirmou que esta será provavelmente a última época da sua carreira.

 

D’agosto acreditou… Na Tunísia, as emoções foram ainda mais fortes. A cumprir um trajeto de sonho – nunca uma equipa angolana tinha sequer passado a fase de grupos da Liga dos Campeões africana –, o 1.º de Agosto levava na bagagem uma surpreendente vitória (1-0) conseguida na primeira mão, em Luanda, e uma esperança inabalável. Pela frente, porém, tinha o Espérance de Tunis, campeão africano em duas ocasiões (1994 e 2011) e uma das equipas mais fortes do continente.

E o início não podia ter sido melhor para o D’Agosto, que logo aos oito minutos se colocou em vantagem com um golo de Geraldo. A equipa tunisina, porém, rapidamente lançou o cerco à baliza de Tony Cabaça (herói angolano nos quartos-de-final, ao defender dois penáltis decisivos para a eliminação do todo-poderoso TP Mazembe, da República Democrática do Congo) e empatou aos 16’, num penálti convertido por Belaili. Apenas nove minutos depois, a reviravolta no marcador, devido a golo de Yaakoubi.

O 2-1 ao intervalo ainda era favorável às cores angolanas. E tudo ficou ainda mais risonho para o 1.º de Agosto quando Bokamba empatou novamente a partida, espoletando uma festa imensa em toda a Angola. Faltava, contudo, ainda muito por jogar, e aos 73’ Jouini voltou a colocar a equipa da casa em vantagem. Pouco depois, o D’Agosto marcou novamente, mas o tento acabou por ser invalidado pela equipa de arbitragem, para desespero angolano. E o que todo um povo mais temia aconteceu mesmo a cinco minutos do fim: Badri fez o 4-2 para o Espérance de Tunis e acabou com as esperanças do 1.º de Agosto, aí já completamente direcionado para a defesa do resultado e já sem meios para tentar voltar ao jogo.

Fica, ainda assim, o registo de uma campanha muito acima das expetativas do tricampeão angolano.