“Não podemos ter animais, mas uma águia pode voar para 60 mil no Estádio da Luz”, dizem donos dos circos

O representante do circo Victor Hugo Cardinali considera que se trata de uma lei “discriminatória” e “incongruente”

Vários donos de circos reagiram à lei que vai proibir que animais selvagens sejam usados durante espetáculos. O representante do circo Victor Hugo Cardinali, Gonçalo Dinis, foi mais longe e fez uma comparação que está a dar muito que falar: "Não podemos ter animais, mas uma águia pode voar para 60 mil no Estádio da Luz”.

Esta quinta-feira, a Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto aprovou a fim do uso e posse de animais selvagens pelos circos, com uma moratória de seis anos. Animais como macacos, tigres, serpentes, elefantes e leões não poderão ser mais usados pelos circos, passado o prazo de seis anos.

Numa entrevista à TVI24, Gonçalo Dinis considerou que a lei aprovada pelo Governo é “discriminatória” e “incongruente”, visto que “não podemos ter animais, mas uma águia pode voar para 60 mil no Estádio da Luz. Depois há as feiras medievais, que podem ter animais, há espectáculos no Zoomarine, no Jardim Zoológico. E isto já para não falar nas touradas”. Gonçalo Dinis defende que Portugal irá distanciar-se de “alguns países da Europa com grande tradição circense, casos da França, Alemanha, Itália, onde podem ter animais". 

No entanto, o representante do circo Victor Hugo Cardinali nãos e dá por vencido:“nunca se sabe se, em seis anos, não pode haver uma reviravolta". “Fomos várias vezes ao Parlamento, tivemos reuniões com deputados, com a comissão e até com o grupo de trabalho. Conseguimos que a proibição incida só sobre os animais que já estavam na legislação de 2009, porque a proposta inicial seria de proibir qualquer espécie. Assim, mantêm-se os cavalos, os cães e os camelos. O circo não vai ficar sem animais", afirmou Gonçalo Dinis.

O representante do circo Victor Hugo Cardinali explica que aquele circo “já não apresenta leões há vários anos. A lei de 2009 entrou em vigor e está a ter o seu impacto. Temos dois elefantes.  São da família, estão connosco há 30 anos. Quem lida com animais sabe bem a afeição que criam com as pessoas”. Relativamente a estes animais, Gonçalo Dinis questiona: “No dia em que não os possamos usar, para onde vão?"

Na entrevista, o representante questionou quem fez parte da formação da legislação, visto que "numa audição na comissão ouvimos uma deputada do Bloco de Esquerda a dizer que uma das espécies mais usadas eram os ursos. Ora, não se vê um urso num circo português, para aí, há uns 20 anos. Portanto, veja-se o conhecimento que têm as pessoas que trataram da nova legislação".