Escândalos ou simplesmente hot topics

Hoje em dia ver ou ler notícias é muitas vezes um fenómeno de voyeurismo. Isto porque cada vez mais assistimos não a um rol de notícias relevantes e bem expostas, mas a uma sucessão de escândalos com muito sumo e pouca explicação. E não me compete a mim agora avaliar a qualidade do nosso jornalismo…

Hoje em dia ver ou ler notícias é muitas vezes um fenómeno de voyeurismo.

Isto porque cada vez mais assistimos não a um rol de notícias relevantes e bem expostas, mas a uma sucessão de escândalos com muito sumo e pouca explicação.

E não me compete a mim agora avaliar a qualidade do nosso jornalismo (ainda que muito pudesse ser dito), mas sim perceber de que forma os escândalos afetam diretamente a comunicação das marcas.

É muito vulgar haver consequências diretas quando falamos de celebridades envolvidas em escândalos (comprovados ou não) que veem os seus contratos chegar ao fim nesses hot moments. As marcas dão toda a sua moralidade (tantas vezes também discutível) são muito rápidas a julgar e a agir em conformidade com o seu próprio julgamento.

Todos nos lembramos bem de Tiger Woods e de todo o escândalo de adultério que destruiu a sua carreira e a sua imagem. Consta que terá perdido cerca de 26 milhões de dólares com o cancelamento de diversos contratos entre os quais a Pepsi, a Gatorade, a General Motors ou a Gillete. De destacar a Nike que manteve o patrocínio e a associação ao Golfista. 

Perdas de milhões e um afastamento forçado que não impediu ainda assim o comeback de Tiger Woods e com ele o comeback de patrocinadores. Tiger Woods está de volta e as marcas lentamente voltam a querer estar com ele.

Fica no ar a questão para que cada um decida por si:  fazem bem as marcas em manter princípios e valores e acompanharem o rebuliço da opinião pública ou em simplesmente se focarem no valor da personalidade e estarem lá ‘no pior e no melhor’?

Também a top model Kate Moss foi vítima de um escândalo a propósito do seu consumo de drogas. À época marcas como H&M, Chanel, Burberry e Rimmel cancelaram os seus contratos com a modelo. Mas também uma marca se manteve na altura ao lado dela  – H. Stern – que afirmou ‘contratámos a Kate Moss pela sua beleza e não pelos seus hábitos. A vida privada dela não nos interessa’. Posição polémica e corajosa que merece no mínimo ser falada quando analisamos este tipo de situação. À semelhança de Tiger Woods também Kate Moss, após um processo de reabilitação, teve o seu comeback recuperando inúmeros contratos e o prestígio que tinha perdido. Stella Mcartney e Calvin Klein apoiaram este regresso, assim como a Rimmel que ‘reatou’ a ligação ao modelo. 

Todo este passado leva-nos agora ao escândalo de Cristiano Ronaldo. Hot topic do momento que divide a sociedade portuguesa – e quiçá o mundo – não vou agora explanar a minha opinião sobre este caso tão suculento. Foco-me no ponto de vista das marcas e nas perdas que, alegadamente, Cristiano já estará a ter ainda a procissão vai no adro. 

As marcas ainda estão expectantes e assumem-se preocupadas e atentas à situação – caso da Nike por exemplo, mas digamos que ainda está muito em stand by.

Sabemos bem dos danos que toda o caso já causou à imagem do internacional português e o que por aí vem teremos que ficar bem atentos, porque escândalo que é escândalo tem muita história para contar e muita marca para (des)ativar. 

 

*Diretora Criativa Havas Sports & Entertainment