Brasil. Moro ficou com superministério no governo de Bolsonaro

O juiz federal ficou encarregue do ministério da Justiça e da Segurança Pública

O mundialmente conhecido juiz federal brasileiro e responsável pela prisão do antigo chefe de Estado Lula da Silva, Sérgio Moro, será o ministro de um superministério  da Justiça e Segurança Pública do governo de Jair Messias Bolsonaro, presidente eleito do Brasil, duas das principais áreas do novo executivo. O superministério integrará a Polícia Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras. 

Moro anunciou a decisão numa nota enviado à comunicação social brasileira e revelou que irá abandonar a Operação Lava Jato até à tomada de posse de Bolsonaro para “evitar controvérsias desnecessárias”. “Fiz com certo pesar, pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a perspetiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito à Constituição, à lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão. Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior”, afirmou Moro.

“O juiz federal Sérgio Moro aceitou nosso convite para o Ministério da Justiça e Segurança Pública”, escreveu o presidente eleito no Twitter, confirmando assim a nota enviada às redações. “Sua agenda anticorrupção, anticrime organizado, bem como respeito à Constituição e às leis será o nosso norte!”, acrescentou. 

A especulação sobre a possibilidade de Moro integrar um futuro executivo de Bolsonaro ou mesmo o Supremo Tribunal Federal começou ainda antes do capitão na reserva ganhar as presidenciais. “A previsão é que o Ministério seja preenchido por uma pessoa de nome, como a ministra Eliana Calmon. O nome do juiz Sérgio Moro também se cogita”, disse Gustavo Bebianno, presidente do Partido Social Liberal pelo qual Bolsonaro se candidatou ao Palácio do Planalto, no dia da segunda volta das presidenciais. 

Moro foi deixando pequenas migalhas ao longo da semana, não descartando nem confirmado essa possibilidade. “Não há comentário”, limitava-se a responder aos jornalistas. 

O anúncio da decisão do juiz federal aconteceu pouco depois de se ter reunido pessoalmente com o presidente eleito para discutirem a sua entrada e quais as condições.  

Em 2016, dois anos e meio  depois de ter ficado responsável pela Operação Lava Jato, Moro concedeu uma entrevista ao “O Estado de S. Paulo” e afirmou que “jamais entraria para a política”. “Não, jamais. Jamais. Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem da política”. Moro é o quinto ministro escolhido por Bolsonaro.